São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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Festa de Covas no Palácio tem "espinheiro de Natal"

Servidores aproveitam árvore de Natal para protestar

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A árvore de Natal do Palácio dos Bandeirantes está carregada -de queixas dos funcionários públicos que trabalham diretamente com o governador paulista, Mário Covas (PSDB).
O governador promoveu ontem uma festa de confraternização com os servidores no Palácio, com refrigerantes e sanduíches de metro. Todos os secretários de Estado compareceram.
Os recados enviados ao governador pelos servidores -em estrelas de papel penduradas na árvore- transformaram o pinheiro artificial num espinheiro.
"Espero que esses quatro anos passem rápido", "Dignidade, respeito, amor e aumento", e "Espero que este ano não seja um espelho para os próximos", diziam três mensagens.
Uma outra era mais pessimista: "Espero que no ano 2000 o meu Natal não seja um branco". A mais agressiva dizia: "Confiei, dei meu voto e fui traído".
As mensagens refletem o espírito de boa parte do funcionalismo público no término do primeiro ano de governo tucano.
Há recados irônicos: "Esperamos R$ealmente um 1996 melhor", "Que as bênçãos do Senhor recaiam sobre a cabeça do governador, iluminando-a para que possa melhorar nossas vidas" ou "Tenho esperança no senhor, Mário Covas, gostaria de ter minha casa este ano".
Os próprios funcionários se divertiam lendo mensagens como "Governador, pode contar conosco, a recíproca é a mesma", acompanhada de desenho com meia dúzia de moedas.
Covas não leu as estrelas, mas comentou os pedidos de aumento salarial: "São para Papai Noel". E o senhor não será, nesse caso, o bom velhinho? "Eu não", disse, rindo. Covas estava bem-humorado. Na árvore, deu o recado: "Governo, somos todos nós, Feliz Natal para nós".
A festa teve a presença do arcebispo de Aparecida, d. Aloísio Lorscheider, que abençoou a todos, e foi animada pelo Coral Sinfônico do Estado e pelo Trio Ilhéus, de forró. Quando perguntada se ia entrar no "arrasta-pé" com Covas, Lila, primeira-dama, disse: "Por mim, dançaria. Mas o governador é tão sério".

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