São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 1995
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Balão é principal causa da asfixia de crianças

GILBERTO DIMENSTEIN
DE NOVA YORK

Enfeite obrigatório nas festas infantis, o balão entrou na lista de ameaças à saúde pública nos Estados Unidos. Diante das pesquisas divulgadas este mês, a Associação Médica Americana (Ama) sugere não apenas a atenção redobrada dos pais, mas o fim da produção de balões de látex.
Segundo as pesquisas realizadas pela Universidade de Minnesota, entre dez mortes de crianças asfixiadas porque ingeriram algum tipo de produto, o balão é responsável por três.
"Nenhum brinquedo mata mais do que o balão", afirma Koppl Halperin, da Escola de Saúde Pública Jonhs Hopkins. Um editorial da revista da Ama alerta: "Temos de tomar providências imediatamente para evitar futuras mortes."
Desde 1980, os médicos pressionam o governo para tornar mais rigorosa a aprovação de produtos destinados a crianças. Em 1988, pelo menos 142 mil acidentes foram provocados por brinquedos. Metade das mortes foram causadas por problemas de asfixia. Daí se determinou que brinquedos destinados a crianças com menos de três anos deveriam ter um tamanho suficiente para que não fossem engolidos ou, se fossem, não provocassem asfixia.
Cuidado especial deveria ser dado às partes que pudessem ser desmembradas dos brinquedos.
O que se descobre, agora, é que o balão é uma das principais causas de morte e, até agora, estava isento de qualquer regulamentação.
Comandando uma equipe de pesquisadores, o pediatra Frank Rimell, da Universidade de Minnesota, analisou 165 crianças vítimas de asfixia e atendidas no Hospital Pediátrico de Pittsburgh.
Ao mesmo tempo, eles investigaram mais 449 crianças mortas, registradas em comissões do governo americano que averiguam a segurança dos produtos.
Os balões apareceram em primeiro lugar, com 30% e, em seguida, bolas (principalmente as bolas de gude). Em terceiro lugar, vieram as peças de brinquedos.
Dois terços das mortes são provocadas em crianças com menos de três anos, período em que costumam levar qualquer objeto para a boca -e, assim, acabam engo lindo brinquedos que cortam o fluxo de ar.
A pesquisa descobriu pelo menos dois casos em que material médico ajudou a matar crianças -duas delas engoliram parte de luvas de látex, que ganharam na consulta ao médico. Além de brinquedos, também provocam asfixia balas, nozes e até pipocas, segundo o levantamento dos pesquisadores de Minnesota.
Eles constataram que entre os objetos não-letais, está em primeiro lugar a moeda. Entre as alternativas sugeridas está a proibição para fabricar balões de látex, o que é de difícil viabilidade. Eles aconselham também que os balões tenham um tamanho mínimo, para evitar sua ingestão, ou que tenham um produto químico que a criança rejeite no contato com a boca.
A associação imagina ser viável que o látex passe por um processo químico para que não fique aderente (portanto, não pare na garganta). Até lá, aconselham os pais a comprarem balões de papel.

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