São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 1995
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Clinton entrega documentos de Whitewater

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, entregou ao Congresso documentos sobre o caso Whitewater dois dias depois de o Senado haver resolvido obtê-los por meio de ação da Justiça.
A entrega ocorreu depois que Clinton chegou a um acordo com a Câmara, estendido ao Senado, pelo qual o Congresso reconhece que o presidente está abrindo mão do direito de sigilo na relação com seu advogado.
Os documentos são anotações do advogado pessoal de Clinton, William Kennedy 3º, feitas durante reunião em 1993.
O Congresso, no entanto, se reservou a prerrogativa de decidir no futuro se Clinton poderá reivindicar o direito de sigilo se outros documentos do mesmo tipo vierem a ser solicitados a ele.
Segundo parlamentares da oposição, os manuscritos de Kennedy aumentam as suspeitas de que a Casa Branca, sede do governo dos EUA, obstruiu o trabalho da Justiça na investigação de Whitewater.
O caso envolve denúncias de irregularidades em negócios financeiros do casal Clinton na década de 80, financiamento impróprio de campanhas eleitorais do presidente e obstrução da Justiça.
A Casa Branca reafirmou que as anotações de Kennedy provam a isenção de Clinton durante a investigação do caso.
Whitewater está sendo investigado por um promotor independente, Kenneth Starr, e por duas comissões parlamentares de inquérito, uma formada pela Câmara e outra pelo Senado.
Starr já indiciou 14 pessoas no caso, inclusive o ex-subsecretário da Justiça do governo Clinton Webster Hubbell (que cumpre pena de 21 meses de cadeia) e o governador de Arkansas, Jim Guy Tucker, ainda não julgado.
As CPIs já provocaram renúncias de diversos auxiliares do presidente, inclusive a do ex-subsecretário do Tesouro Roger Altman.
As 12 páginas de anotações manuscritas de Kennedy mostram que, pelo menos desde novembro de 1993, advogados de Clinton, tanto pessoais quanto do governo, têm acompanhado as investigações do caso Whitewater.
Desde 1974, quando o presidente Richard Nixon foi obrigado a renunciar devido ao caso Watergate, o Legislativo norte-americano não recorria ao Judiciário para obter documentos do Executivo.

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