São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 1995
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Natal de verdade

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

As vitrinas e ruas estão enfeitadas. Um pouco menos do que em outros anos. A sequência dos dias feriados faz com que muitos celebrem o Natal desde sexta-feira.
Para alguns é tempo de viagem, de visita a parentes, de volta à própria cidade. As rodoviárias não conseguem dar vazão ao fluxo ininterrupto dos ônibus que chegam e partem.
É Natal de novo. As crianças sonham com os presentes e com a alegria dessa noite abençoada. Para todos, é tempo de encontro em família, de mensagem de paz e amor.
A festa recorda e celebra o nascimento de Jesus Cristo, que vem anunciar à humanidade a salvação do pecado e da morte e oferecer a todos a justiça, a fraternidade e a vida eterna e feliz.
À luz da fé, precisamos descobrir o verdadeiro sentido do Natal. O importante é perceber que não celebramos apenas o que aconteceu em Belém, há 2.000 anos, mas a presença de Jesus Cristo que transforma, ainda hoje, nossa vida e a história.
Alguns, apesar do ambiente de festa, estão passando por grandes sofrimentos. Não só perdura a pobreza extrema como o desemprego vem trazendo aflições e tristeza a muitas famílias.
A violência fere e amedronta a cidade e a zona rural. Há lares desfeitos pela discórdia. Há outros em que a doença prolongada exige sacrifícios e generosidade; sobre não poucas pessoas, especialmente idosos, pesa a solidão. Nestes dias não têm para onde ir.
Quem não conhece essas situações? Podemos confortar os que padecem e ajudá-los a ter um pouco de alegria neste Natal. Aí, sim, será para nós, também, um Natal de verdade.
Aqui ficam algumas sugestões de presentes valiosos.
Empenhar-se pela reconciliação de um casal, auxiliando a redescobrir o perdão sincero e total. Amparar os enfermos, fazendo-lhes companhia, com paciência e amabilidade. Socorrer uma família necessitada com mantimentos e com sua visita amiga e descontraída.
Convidar, nestes dias, para partilhar o ambiente familiar de sua casa, pessoas que já não possuem essa oportunidade.
Lembremo-nos das crianças empobrecidas que precisam de mais atenção, de algum presentinho e de muito afeto para continuar acreditando no futuro.
São gestos que valem muito diante de Deus. No entanto, o Natal inclui, também, atitudes de amor no seio do próprio lar: superar ressentimentos, corrigir defeitos, perdoar e compreender a todos. É a ocasião de conversas amigas, de expressões de carinho, de oração em comum, alcançando de Deus a paz e união para sua família.
O Natal pode ainda abrir perspectivas de vida nova para muitos. Jesus Cristo veio para dar a vida plena (João 10,10). Celebrando o Natal, renovamos nossas forças para promover o exercício da cidadania e o bem comum.
Pensemos nas populações indígenas que aguardam a demarcação das terras, nos acampados à espera da reforma agrária, nos sem-teto e sem trabalho e na situação calamitosa das prisões.
Tudo isso requer vitória sobre o egoísmo e abertura ao amor, à paz e esperança que Cristo veio nos trazer.
Contemplemos a pequena gruta de Belém: José ao lado de Maria, que acolhe Jesus. Procuremos rezar. Como será o nosso Natal de verdade?

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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