São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Melhores e piores do ano

SÍLVIO LANCELLOTTI

Uma semana antes do final do ano, não resisto à fascinação de laurear alguns personagens, positiva ou negativamente, pelo que realizaram no mundo do futebol em 95. Todas as retrospectivas, claro, são impressionistas, opiniáticas, mas eu não resisto.
Prêmio Macho - Vai para João Havelange, o presidente da Fifa, nos seus 79 anos um homem bem mais poderoso, por exemplo, do que Bill Clinton, o seu colega dos EUA. Quando a França recusou os vistos de entrada a dirigentes da Nigéria, convidados ao sorteio da Copa de 98, Havelange não hesitou: "Ou eles entram ou eu cancelo a cerimônia".
Prêmio Blefe Balofo - Lennart Johansson, o presidente da Uefa, traiu o seu aliado principal, o italiano Antonio Matarrese, vice de Havelange, e se lançou, sem mais consultas, candidato à sucessão do brasileiro. Falta fôlego ao sueco.
Prêmio Bruce Willis - O suíço Sepp Blatter, secretário-geral da Fifa, de novo se provou o sobrevivente do século ao continuar na entidade mesmo após ter traído pelas costas os personagens dos quais, pela frente, é um puxa-saco.
Prêmio 2002 - Não houve, em 95, campeonato nacional com mais "fair play" e com menos advertências e expulsões do que o torneio da J-League no Japão. Imaginar que a Coréia do Sul possa bater o Japão na briga pela organização da primeira Copa do próximo século é preferir a carne de cachorro ao sushi.
Prêmio CPI do Bingo -- Ganham o galardão a Fifa e a Uefa, que estragaram as eliminatórias da Copa e o Euro 96 com seus grotescos critérios de sorteio.
Prêmio Orgasmo - Nenhum trio de atletas propiciou mais prazer no planeta, em 95, do que os holandeses Seedorf, Davids e Kluivert, geração 76.
Prêmio Ejaculação Precoce - A grosseria eventual do nome do galardão se justifica pelo patetismo do comportamento de Edmundo, um craque ainda à procura de um homem. Poderá salvá-lo uma transferência ao Corinthians?
Prêmio Uruca - Na técnica, na educação e no caráter, o melhor dos árbitros do brasil, talvez o único, o mineiro Márcio Rezende de Freitas necessita, urgentemente, consultar uma astróloga, uma benzedeira -ou uma bruxa.
Prêmio Quase - Ao Grêmio e ao Atlético Mineiro.
Prêmio Shakespeare - Levam Kleber Leite e o Flamengo, mais Romário, a megera indomável, ser ou não ser, frustrado sonho de uma noite de verão.

Texto Anterior: O mistério que envolve o atacante Túlio
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.