São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995 |
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O que seria do Natal se não fosse o jabá?
BARBARA GANCIA
É como eu digo: puxa-saco e formiga tem em todo lugar. Este ano os jabás chegaram às redações aos montes: agendas, vinhos, gravuras, canetas e livros são os mais manjados. E, à medida que vão chegando, surgem as inevitáveis comparações: "Ué? A empresa tal de tal só te deu um panetone? Pois, para mim, mandou uma caixa de vinho". São raros os jornalistas que devolvem jabás. A lógica é simples: se o jornalista não tem o rabo preso, que mal tem aceitar presentes dados por livre e espontânea vontade? Pegaria até mal devolvê-los. Afinal, por que recusar uma boneca Barbie quando ela pode fazer a felicidade, digamos, da filha do zelador? Este ano, não foi bolinho o que rolou de história engraçada sobre jabás. Um conhecido diretor de redação deu uma festa de fim-de-ano regada a jabás na forma de vinhos de quinta categoria. Como os jornalistas convidados haviam recebido os mesmos vinhos, não pouparam o anfitrião de uma avalanche de chacotas. E o que dizer da jovem repórter que presenteou a irmã com uma bela agenda, a mãe com uma linda caixa de produtos de beleza e a avó com uma nobre caneta tinteiro? Teria sido uma generosa rodada de presentes se a irmã, também jornalista, não tivesse reconhecido o pacote. Eram os mesmos jabás que circularam por todas as redações paulistanas. Quem mais lucra com o jabá é uma categoria específica: a empregada do jornalista. O brinco enviado pela loja Serpui Marie não serviu na repórter sem orelha furada? Dá para a empregada. O colunista odeia panetone? Dá para a empregada. Ninguém tem coragem de tomar o vinho de procedência duvidosa? O marido da empregada vai a-do-rar! Êta vidinha podre! Texto Anterior: Município decreta emergência Próximo Texto: Barulhinho; Suspeitas confirmadas; Oscar para o porco!; Na mosca Índice |
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