São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
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Câmeras mostram o mundo via Internet

SAM VINCENT MEDDIS
DO "USA TODAY"

Depois de observar o Dupree, a Iguana Verde, você pode dar uma olhadinha na faculdade de Buckman, na sala 100, em Portland, Oregon (EUA).
Ou, então, olhar o píer com lentes de olho-de-peixe para ver quem está na cozinha da Berkeley Systems.
Não é preciso sair do seu assento. Para mudar de cena, basta dar um clique com o mouse na World Wide Web (a parte gráfica da Internet).
Um número crescente de locais está sob os olhos de câmeras de vídeo conectadas na Internet. Com telas em tempo real de praticamente todos os lugares -desde as cataratas do Niagara até uma imagem urbana de Hong Kong-, os locais demonstram geograficamente quanto a rede se tornou abrangente mundialmente.
Muitos lugares podem parecer estúpidos ou triviais. Mas experts em Internet dizem que o que estamos vendo é a evolução de um poderoso pacote de comunicações que, eventualmente, vai fazer parte de nosso dia-a-dia.
Larry Gilbert, que começou a juntar uma lista de endereços de câmeras conectadas, há cerca de um ano, para seu endereço, o Web Voyeur, diz que está atolado de trabalho com os novos endereços que tem de colocar em sua página.
Cerca de 90 endereços já fazem parte da lista de Gilbert. "Tenho cerca de 130 endereços na lista de espera", diz. "É assustador!
Com o preço de câmeras em torno de US$ 100 e programas fáceis de obter, é como se estivéssemos assistindo a uma explosão de lugares acessíveis no mundo todo.
No endereço Peeping Tom, você encontra um estudante lendo um livro em seu dormitório.
E se Nova York parecer pequena e cinzenta, clique na câmera Hawaiian Eye para ver o Pacífico a partir da torre de Aloha, na ilha de Oahu. Dá até para selecionar o ângulo da câmera.
Animais, de formigas ocupadas a piranhas esfomeadas, recebem um certo tipo de cachê entre as câmeras acessíveis pela Web.
A câmera Parrot-Cam vai mais longe. Aconselha os observadores a ligar caso o papagaio esteja com aparência de doente.
A gênese dessas páginas provavelmente vem do início dos anos 80, quando estudantes nerds da Universidade Carnegie Mellon puseram uma câmera para filmar uma máquina de Coca-Cola que permitia que qualquer um que acionasse o endereço, verificasse precisamente quantas latas ainda restavam.
O endereço The GostWatcher coloca cinco câmeras sob uma plataforma, alegando esperar capturar uma imagem sobre algum visitante sobrenatural.
"Alguma vez você já ouviu sons estranhos vindo de espaços a sua volta? Eu já", diz o criador do endereço, June Houston. Não foi registrado nenhum fantasma em recentes visitas ao local.
Será que isso leva a algum lugar? Nate Zelnick, do boletim informativo Internet Business, diz que a frivolidade que os endereços de câmeras parecem revelar tem a ver com a história do mundo dos computadores, em que uma brincadeira acaba, geralmente, resultando em grandes avanços científicos.
Por isso, Zelnick sugere que essas brincadeiras com as câmeras podem um dia resultar em alguma utilidade no futuro. O que você tem aqui é uma tecnologia fundamental que vai dar em algo", diz.
O que você acha de entrar na Internet e checar o trânsito e os caminhos alternativos antes de ir para o trabalho?
Ou então, à noite, dar uma olhada no seu bar predileto para ver se seus amigos já chegaram?
As pessoas que estudam a Web dizem que ninguém mais parece ser "maluco" para filmar tudo e colocar na Internet do que o estudante do MIT, Steve Mann, que passa grande parte do seu dia com uma câmera tipo camcorder amarrada sobre a cabeça e conectada à Web.
"Eu pensava apenas que seria um tipo de diversão", diz ele.

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