São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
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TV interativa cria novos mercados

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Você partiu para uma viagem de negócios prometendo um presente para consolar o marido, a mulher ou as crianças que deixou para trás.
Mas a reunião, como sempre, durou mais do que previsto. Faltou tempo para as compras, e você já se imagina chegando à sua casa de mãos abanando.
Antes de partir para o desespero e apelar para aqueles ursinhos de pelúcia que custam uma fortuna nos aeroportos, cheque a TV de seu quarto de hotel.
Se você tiver sorte, será possível encontrar ali mesmo a solução para seu drama doméstico.
Compras pela TV
É que alguns hotéis americanos descobriram o filão das vendas pela TV para seus próprios hóspedes.
Depois de consultar o catálogo dos produtos disponíveis, você faz a compra eletronicamente e recebe a encomenda ao fazer o check out. O valor é incluído na conta.
O pessoal da hotelaria norte-americana parece ter concluído que tem um público cativo e tanto em seus apartamentos, e que dá para arrancar dessa gente muito mais do que o preço da diária.
Junte-se a isso a tecnologia da TV interativa, e não há como desprezar o novo mercado.
O shopping eletrônico é apenas uma alternativa para quem quer enfrentar o dia chuvoso debaixo das cobertas.
Na verdade, o primeiro serviço do gênero disponível nas TVs dos hotéis americanos foi o dos "movies on demand", ou seja, os filmes que você pode ver no quarto com apenas algumas clicadas do controle remoto.
Uma empresa da Califórnia, a On Command Vídeo, desenvolveu um sistema pelo qual você pode consultar a TV para localizar os restaurantes e as atrações turísticas que ficam por perto do hotel.
Pode também pedir refeições ao "room service", checar a quantas anda sua conta ou mandar flores para resolver aquela dor de consciência.
Cassino virtual
Muitos hotéis já oferecem videogames no quarto, por uma taxa equivalente ao "aluguel" de um filme, cerca de US$ 5.
A rede Hilton quer ir mais além, acrescentando uma casa de apostas virtual nas cidades onde o jogo é legalizado nos Estados Unidos. Daria para jogar videopôquer ou botar dinheiro em uma vitória dos Knicks sobre os Bulls.
Nesse ritmo, alguns hotéis americanos estão se tornando o território de testes para a TV interativa do futuro, que um dia estará na casa de todos nós.
O incentivo para eles é aumentar o faturamento em duas frentes: engordando a conta dos hóspedes e ganhando algum das empresas interessadas em anunciar.
Não estranhe, portanto, se a cada vez que você usar o sistema for obrigado a ver alguns comerciais. Faz parte do esquema.
Games no vôo
Para o viajante mais irrequieto, as coisas não param por aí. A OEC-Marconi Inflight Systems, uma empresa do estado de Washington, está desenvolvendo com uma parceira um sistema interativo para ser usado em aviões.
Os testes estão sendo feitos na primeira classe e na executiva dos Boeing 777 da companhia. O objetivo é colocar diante de cada poltrona uma telinha.
Além dos videogames, o viajante poderia receber as últimas notícias e adiantar as encomendas no free shop antes do desembarque. Uma distração e tanto para aquelas viagens intermináveis.
Os engenheiros estão quebrando a cabeça porque é preciso criar um sistema que resista ao movimento e às mudanças de temperatura e altitude. Além disso, falta espaço.
A gente torce para que encontrem logo a solução, desde que ela não venha a sacrificar aquele pequeno território que sobrou para encaixar as pernas.

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