São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
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Que seja a última

O polêmico Projeto Sivam ganhou uma sobrevida de ao menos 30 dias, já que o Ministério da Aeronáutica resolveu prorrogar por um mês o contrato com a empresa norte-americana Raytheon, que vencia exatamente no dia de Natal.
Parece uma providência de caráter acima de tudo burocrático. Como o Senado, ao qual cabe tomar uma decisão sobre o destino do projeto, está em recesso, a Aeronáutica decidiu estender por mais 30 dias a validade do contrato.
Com a prorrogação, torna-se ainda mais indispensável que o Senado faça uma avaliação serena, porém urgente, a respeito do projeto, já que cabe a ele exclusivamente a decisão final sobre o financiamento externo, no valor de US$ 1,4 bilhão, sem o qual o Sivam morre.
Sobram indícios de que a prioridade conferida pelo governo ao projeto é no mínimo discutível, conhecidas que são as carências sociais do país.
Se ainda houvesse dúvida sobre as dimensões dessas carências, bastaria consultar os números publicados anteontem por esta Folha, com base no Censo de 1991. É um retrato lamentável da triste situação social de boa parte dos brasileiros.
Além disso, a quantidade de suspeitas sobre irregularidades cometidas ao longo do processo que resultou no contrato ora prorrogado impõe uma revisão em profundidade da operação. É, sem dúvida, tarefa prioritária para os senadores.

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