São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995 |
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Guerra comercial Não cabe qualquer dúvida quanto a serem condenáveis os métodos empregados pela Igreja Universal do Reino de Deus para aliciar fiéis e deles extrair doações. Os teipes divulgados pela Rede Globo deixam explícito o que, de resto, já se intuía, que o "bispo" Edir Macedo e seus colaboradores usam o show -ou, mais adequadamente, o "show-business"- como "modus operandi". Da condenação aos métodos está se passando, no entanto, a uma espécie de cruzada contra Edir Macedo e seus negócios, como se fossem os únicos espúrios no país. A cruzada aponta a Igreja Universal não apenas como aliciadora de fiéis incautos, mas, também e principalmente, como suspeita de irregularidades que vão da sonegação de impostos a contrabando de material para a montagem de sua rede de TVs e emissoras de rádio, passando até por supostas contribuições do narcotráfico. É desnecessário dizer que, se há irregularidades, elas devem ser apuradas e rigorosamente punidas. Mas, seria uma demonstração de leniência das autoridades e de hipocrisia dos meios de comunicação limitar a cruzada ética ao caso do "bispo" e seus auxiliares, quando se sabe que sonegação e contrabando são crimes praticados em larga escala no Brasil. Pecados éticos não são, afinal, patrimônio exclusivo da Igreja Universal. Por isso, tudo leva a crer que, mais do que uma guerra santa, o que está em curso é uma guerra comercial, em que concorrentes usam de todas as armas para prejudicar um rival. Nesse tipo de guerra não há espaço para santos. Texto Anterior: Números cruéis Próximo Texto: Que seja a última Índice |
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