São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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BB cria fundo de privatizações em janeiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil anunciou ontem que criará em janeiro uma nova modalidade de aplicação financeira, destinada a permitir que os investidores do banco participem de leilões de privatização.
Será um fundo de investimento, com prazo inicial de 60 dias, em que os interessados na rentabilidade das ações de estatais a serem privatizadas depositarão seu dinheiro.
Leilões
Cada leilão de estatal terá um fundo correspondente. O primeiro a ser criado valerá para a venda da Light, marcada para março de 96.
Até lá, o dinheiro aplicado no fundo renderá como os demais FIFs (Fundo de Investimento Financeiro) do mercado.
Quando chegar a data de privatização da Light, o BB empregará o dinheiro arrecadado pelo fundo na compra de ações da empresa. Espera-se adquirir entre 3% e 4% do capital acionário.
A partir daí, o fundo se transformará em um fundo de carteira livre -modalidade de aplicação financeira baseada em ações e títulos de renda fixa, que oferecerentabilidade e liquidez diária.
Aval
Para esta última operação, ainda falta o aval da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia do governo federal que regulamenta todos os fundos baseados em ações.
Se obtiver a autorização da CVM, o BB conseguirá participar dos leilões de privatização, uma reivindicação da gestão do atual presidente do banco, Paulo César Ximenes.
As ações de empresas privatizadas costumam ter grande valorização nas Bolsas.
Entretanto, o próprio BB avalia que a procura dos investidores pela nova aplicação não deve ser grande, pelo menos durante um período inicial.
Além da pouca tradição do mercado de ações brasileiro, a legislação prejudica acionistas minoritários de empresas -que geralmente não têm direito a voto etc.
Rombo
Apesar das medidas para combater a inadimplência de seus devedores, o BB deverá fechar 95 com prejuízo de R$ 4,2 bilhões, na previsão do próprio Ximenes.
Além de brecar na Justiça o reajuste dos funcionários, o banco pretende também criar uma diretoria destinada a recuperar créditos em atraso.
Salários
O BB também informou ontem que o reajuste salarial de seus funcionários poderá só ser pago em março, devido ao recurso feito pela direção do banco ao TST (Tribunal Superior do Trabalho).
Recentemente, o TST determinou ao BB que reajustasse os salários dos servidores pela inflação integral apurada até setembro.
O reajuste somou 25%, contra os 20,96% defendidos pela direção do banco. Os bancários, por sua vez, queriam os mesmos 30% que seus colegas da rede privada negociaram com a Febraban.
A sentença preocupou a equipe econômica, defensora do fim da indexação dos salários.
O BB recorreu contra a sentença e avalia que o julgamento pode só acontecer em março. Segundo o BB, o reajuste arbitrado pelo TST aumenta em R$ 15 milhões mensais a folha de pagamento.

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