São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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ENTENDA O CASO DA FITA

QUEM É QUEM
Wilson Roberto Catani
Atividades: comerciante
Ligação com o futebol: Foi bandeirinha e juiz de futebol na década de 80 até ser afastado em 1988

Laerte Alves
Atividade: fazendeiro e empresário
Ligação com o futebol: É presidente do Botafogo, de Ribeirão Preto. Está no segundo mandato. Foi reeleito em novembro

OS JUÍZES CITADOS
Marcos Fábio Spironelli
Dionísio Roberto Domingos
João Paulo Araújo
Flávio de Carvalho

O CASO
1 - O jornalista Alexandre Reis, da rádio CMN, de Ribeirão Preto, conversa várias vezes pelo telefone com o ex-juiz de futebol Wilson Roberto Catani, entre os dias 22 e 25 de setembro. As conversas foram gravadas e formam a chamada "fita do suborno"
Nessas conversas, Reis se fez passar pelo fictício Luís Augusto Soares, bicheiro e membro da oposição ao presidente do Botafogo, Laerte Alves.
2 - Catani relata um suposto esquema de corrupção de árbitros que ele teria coordenado, a mando de Alves, para ajudar o Botafogo a obter o terceiro lugar no Campeonato Paulista da Série A-2, que lhe valeu o acesso para a série A-1
3 - Catani faz as revelações enquanto, supostamente, negocia com "Soares" a venda de três cheques de Alves que ele teria em seu poder. Catani diz que os cheques foram entregues como pagamento do suposto esquema de corrupção, mas não foram compensados por falta de fundos. Catani dá o valor dos três (R$ 2.500 cada), o número de uma conta bancária de Alves no Banco Safra o número da agência, do cheque e o CPF de Alves
4 - Catani diz ainda que no passado fez arranjos para outros clubes, como Comercial de Ribeirão Preto, União São João, Corinthians, Bangu e Botafogo-RJ

AS PARTES
WILSON ROBERTO CATANI
Sustenta que sabia que estava sendo gravado e que tirou "um sarro" de Reis. Mas suas explicações mudaram.
1 - Na primeira entrevista à Folha, Catani disse ter "inventado tudo".
2 - Quando a Folha publicou que os números que ele diz serem da CPF e da conta bancária de Alves estavam corretos, ele afirmou que qualquer pessoa poderia ter acesso a eles.
3 - Catani cita na fita que encontrou o ex-juiz de futebol Dulcídio Wanderley Boschilia na sede do Botafogo, quando estava ajudando Alves a obter a escalação de um juiz. Catani diz que contou a Dulcídio que tinha ido pegar uma camisa do Botafogo.
Ao saber da fita, Boschilia confirmou o encontro. Catani passou a dizer então que todo o espisódio era verdadeiro, menos a ligação com Alves
4 - Quando surgiu a foto dele na festa do Botafogo disse que era montagem. Após a publicação, seu advogado, José Izar, disse que Catani foi um "intruso"
5 - Questionado sobre a mudança nas explicações de seu cliente, Izar disse que Catani tem "direito" de fazer isso. "Ele só não pode mentir em juízo", disse.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA
O presidente do Tribunal, o Marco Polo del Nero, disse que vai esperar o fim do inquérito policial para fazer andar o inquérito no TJD

LAERTE ALVES
Sobre o fato de Catani conhecer seus dados bancários, disse que é uma pessoa conhecida, que emite muitos cheques, e que é fácil obter tais dados
Sobre a presenção de Catani na festa do Botafogo, disse que não o viu lá e que não o conhece

OS JUÍZES
Todos negam conhecer Catani. Todos negam participação em qualquer esquema de fraude de resultados

POLÍCIA CIVIL
O inquérito foi aberto em Ribeirão Preto e acabou transferido para São Paulo. Em dois meses, já está no seu quinto delegado. Quem o chefia agora é Silvio Tinti, da Divisão de Comunicação Comunitária

O PREJUDICADO
O Santos André entrou com representação no TJD pedindo punição do Botafogo. Se ela acontecer, é o Santos André quem sobe para a Série A-1

FEDERAÇÃO PAULISTA
Quando o caso surgiu, Carlos Facchina Nunes, presidente interino da FPF, disse que não tomaria providência por se tratar de "caso de polícia"

MINISTÉRIO PÚBLICO
Passou a acompanhar o inquérito depois que ele foi transferido para São Paulo. Foram pedidas as quebras de sigilo bancário e telefônico de vários envolvidos

OUTROS CITADOS
Breno Spinelli e José Carlos Mársico, ex-presidentes do Comercial, e José Mário Pavan, negam ter participado de esquemas de fraudes com Catani, como este cita na fita. Mársico e Pavan dizem que conheceram Catani na época em que ela trabalhava na arbitragem

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