São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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Enya faz fusão entre misticismo, música céltica e música clássica

DO "CORRIERE DELLA SERA"

Não existe meio termo diante da música de Enya: fica-se indiferente ou se é capturado por uma mistura de misticismo e espontaneidade numa fusão entre música céltica e música clássica, cujo desenvolvimento é arrastado, mesmo sendo imprevisível.
A música de Enya é considerada, geralmente, new age, definição genérica que compreende um pouco todos os repertórios nos quais os artistas se exprimem sem preocupação comercial.
Geralmente a new age tem venda limitada a um grupo de apaixonados, com quatro exceções que vendem milhões de cópias em todo o mundo, com estilos muito diferentes: Vangelis, Jean-Michel Jarre, Andreas Vollenweider e Enya.
Os quatro, porém, têm um elemento comum: trabalham sozinhos, isto é, tocam todos os instrumentos (e no caso de Enya colocam também a voz).
Enya, que foi a Milão duas semanas atrás para apresentar seu último e fascinante álbum "The Memory of Trees", se chama na realidade Eithne Ni Brhaonain (nome gaélico) e nasceu no coração da irlanda, em Gweedore.
Iniciou em 1980 com os Clannad e em 1982 começou a colaborar com um casal singular, Nick Rian (que desde então une as funções de produtor, técnico de som e empresário) e sua mulher Roma Ryan (que escreve os textos).
A BBC percebeu o seu talento lhe confiando a parte musical de um programa sobre os celtas. Desde então, o cinema requisitou seu trabalho diversas vezes.
A sua voz pode ser ouvida em "L.A. Story", "Green Card" e "A Época da Inocência", de Martin Scorsese.
"O novo disco provém dos mistérios dos druídas", explica Enya. "Para mim, todo disco é um longo retiro, uma imersão nos sentimentos interiores puros. Frequentemente, a voz é colocada antes da música, quase sempre num lugar aberto, em qualquer vale verde do norte da Irlanda. Depois são colocados os instrumentos".

Pergunta - É verdade que vocês odeiam a tecnologia?
Enya - Não, mas não a usamos. É necessário tirar de si aquilo que sai verdadeiramente e não multiplicar artificiosamente uma intuição como fazem frequentemente no rock e na música pop.
Pergunta - E o fato de se recusar a trabalhar com outros músicos?
Enya - Seria -diz Nick que parece ter saído de um conto de Joyce- como colocar água num bom uísque!
Pergunta - Sua vida sentimental influencia sua obra?
Enya - Não posso ter uma vida sentimental. Nada pode perturbar meu trabalho criativo. Não há espaço. Ao menos no momento.

Tradução de Anastasia Campanerut

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