São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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Reino Unido foi o pioneiro

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

A imunoterapia passiva começou a ser desenvolvida em 1985 pelo professor Abraham Karpaz, do departamento de hematologia da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Desde então, cerca de 200 pacientes de Aids já receberam o tratamento e, embora ainda não tenha sido aprovado pelas autoridades britânicas da área de saúde, já vem sendo praticado por quatro hospitais no Reino Unido.
Segundo Karpaz, a imunoterapia passiva não cura pacientes de Aids, mas é o melhor tratamento existente até o momento.
O professor afirma que dos 200 pacientes já tratados, a grande maioria apresentou melhoras como ganho de peso, diminuição na ocorrência de infecções relacionadas à Aids e aumento da expectativa de vida.
Segundo ele, a imunoterapia passiva pode estender a vida de um doente de Aids em estágio avançado por um período de seis meses a três anos.
Se o tratamento começar nos estágios iniciais da doença, o paciente pode ganhar mais três ou quatro anos de vida, afirma Karpaz. No Reino Unido, o tempo máximo que um doente de Aids esteve sob tratamento foi seis anos. Karpaz também afirma que a imunoterapia passiva é a única forma não-tóxica de tratamento da Aids.
"Ao contrário de todos os outros tratamentos existentes, este não tem nenhum efeito colateral", disse Karpaz à Folha. "Ele só tem efeitos positivos, embora para algumas pessoas mais do que para outras."
Apesar do entusiasmo de Karpaz, ainda não foi feita no Reino Unido uma avaliação científica em grande escala dos resultados atingidos pela imunoterapia passiva.
Nos Estados Unidos, o centro Hemacare Corp., da Califórnia, estudou os efeitos da imunoterapia passiva em 220 pacientes de Aids durante três anos.
Nos primeiros 12 meses, a taxa de mortalidade do grupo que recebeu transfusões de plasma foi cinco vezes menor do que a verificada entre os pacientes que receberam transfusões de placebo, ou seja, um falso tratamento.
O grupo sob verdadeiro tratamento, composto de 21 pessoas, teve apenas uma morte. Já o grupo sob falso tratamento apresentou 6 mortes entre 30 pessoas.
Os resultados do estudo norte-americano foram divulgados em congresso realizado em Londres no início de outubro.

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