São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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São Silvestre segue evolução do atletismo

VICTOR MALZONI JR.

Modernidade e romantismo não combinam mais, pelo menos no atletismo. Partindo dessa premissa, a organização da São Silvestre procurou, nestes últimos oito anos, acompanhar a evolução das grandes provas de rua do circuito internacional. Para isso, foram necessárias modificações no projeto original idealizado por Cásper Líbero em 1925.
A primeira mudança importante foi a alteração do horário da noite para a tarde, mantendo a tradição de ser disputada no último dia do ano. Isso foi necessário por dois motivos: viabilização financeira da prova e melhor organização técnica.
Até a Olimpíada de Moscou, em 1980, o atletismo mundial era essencialmente amador. Os principais corredores do mundo vinham competir na São Silvestre custeados por seus próprios países, quase sem ônus para a organização da prova.
A profissionalização do atletismo, na década de 80, criou um novo relacionamento entre organizadores e atletas. Como a São Silvestre recebia pouco apoio de patrocinadores, a prova foi perdendo, aos poucos, seu prestígio internacional.
Para resgatar sua imagem e poder contar com os maiores atletas internacionais e até mesmo os brasileiros de ponta, a São Silvestre passou a ser disputada à tarde, em 1989, facilitando sua comercialização. Com isso, os principais atletas do mundo voltaram a participar.
Com a mudança de horário, ficou facilitado o trabalho de organização, que hoje envolve três mil pessoas, aumentando a segurança de todos os participantes. A prova vem sendo aprimorada a cada ano, mas não significa que falhas não aconteçam. Afinal, é muito difícil ter o controle absoluto de um evento de rua que conta com mais de 12 mil participantes.
É reconhecido que a mudança de horário aumenta a dificuldade de todos, em função da temperatura mais elevada.
No final dos anos 80, a proliferação em todo o mundo de provas de rua sem credibilidade motivou a Federação Internacional de Atletismo Amador (Iaaf) a criar um departamento específico para oficializar esse tipo de competição.
Para entrar no calendário da Iaaf, a São Silvestre aumentou, em 1991, seu percurso de 12.600 metros para 15 mil metros e passou a realizar exames antidoping nos primeiros colocados. Com isso, a prova vem ganhando respeito internacional.
Para demonstrar a seriedade da prova, o exame antidoping dos primeiros colocados no masculino e no feminino será realizado, neste ano, em laboratório credenciado pela Iaaf no Canadá.
Outra preocupação da organização foi dar maior atenção ao grande contingente de participantes, os maiores responsáveis pela festa que é a São Silvestre. Neste ano, todos receberão camisetas e os que cruzarem a linha de chegada receberão medalhas. Para garantir o conforto, haverá chuveiros e água em abundância.
Cabe ainda ressaltar o apoio da imprensa, imprescindível para o sucesso da principal prova de rua da América Latina.

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