São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Feliz 96
WILSON BALDINI JR. "Você pode enganar a todos por algum tempo ou a alguns por todo o tempo, mas nunca enganar a todos por todo o tempo". Essa frase resume muito bem o ano de 95 para o boxe brasileiro.No início deste velho ano, vários lutadores tupiniquins surgiram com a esperança de conquistar vitórias e oportunidades no restrito e complicado mundo do pugilismo. Ingênuos e sem orientação correta, esses "heróis" deixaram-se levar por pessoas maléficas. Em sua maioria bons lutadores, mas despreparados tecnicamente, restringiam-se a ganhar algumas "falsas lutas" e encher os cofres de alguns indivíduos ambiciosos. Nos momentos em que foram exigidos, a "guarda" deixou transparecer toda a sua fragilidade. Por medo de perder seus "lutadores", mais pela parte financeira do que pela afetiva, os gananciosos "sujaram" duas vezes os ringues nacionais. Na primeira, o protagonista foi o cubano que tentava naturalização brasileira Aurélio "Toyo" Perez, que, de "melhor lutador amador", passou a "alcoólatra". Após vencer, ou melhor, "roubar" o russo Nikolay Kulpin e depois ser impiedosamente nocauteado, "Toyo" sumiu. Nada contra o lutador, que realmente não tinha recursos técnicos, mas ele merecia um tratamento digno. O segundo triste episódio foi com o peso meio-pesado José "Dinamite" Gomes. Ao subir no ringue em Belém, sua cidade natal, ele e todos os amantes do boxe esperavam um combate com o norte-americano Lenzie Morgan. Depois da luta que "Dinamite" foi declarado vencedor -erradamente, depois de ter de abandonar o combate com uma fratura no antebraço- muitas surpresas e desapontamentos. Lenzie Morgan, na verdade, era Tim Clair. Compramos gato por lebre ou o gato já estava encomendado? A justiça tarda, mas não falha. Para azar de "Dinamite", que merecia melhor tratamento, enfrentou o verdadeiro Morgan na semana passada e não resistiu aos simples golpes do adversário: derrota por nocaute no sétimo round. Então Morgan é melhor que "Dinamite". Kulpin supera "Toyo". Talvez não. Apenas possuem melhores companhias. Para 96, ano novo, amizade nova. Troquem o sucesso aparente por uma carreira no boxe. É uma questão de escolher: sejam verdadeiros lutadores ou mais um número nesse circo sem graça. Se vocês quiserem, feliz 96 para o boxe. Se eles deixarem. Texto Anterior: São Silvestre segue evolução do atletismo Próximo Texto: Notas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |