São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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"Me senti muito cobrado", diz Paulo Jobim

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas famílias estabeleceram verdadeiros clãs musicais, em que o gosto pela atividade é passado de pai para filho. Ou para filha.
É o caso da família Caymmi. Dori, Danilo e Nana seguiram as pegadas do pai, Dorival Caymmi.
Nana acredita no dom. "Já saí cantando aos 12 anos, e bem."
Para ela, antigamente, ser músico, como os pais, era uma decisão mais difícil. "Nadei contra a maré", diz. Ela acredita que a opção foi sacrificada. "Já cantei com filho no palco. Mas não tenho arrependimento. Nunca entrei em modismos para vender disco", diz.
Para ela, o principal problema é a comparação entre pais e filhos, que continua existindo.
Paulo Jobim, 45, filho de Tom Jobim, tem uma queixa parecida.
"O sobrenome abre portas, mas também fecha. Se um arranjo ficou bonito, dizem que não fiz mais do que a minha obrigação. Me senti muito cobrado", avalia.
Mas cobrança Paulo só teve da porta para fora. Em casa, Tom nunca forçou o aprendizado.
Diferente do que Paulo faz com Daniel, seu filho: "Enchi o saco dele para estudar os clássicos."
Paulo, que chegou a fazer arquitetura -como o pai, aliás-, resolveu optar pela música.
"Eu acredito em genética", diz Paulo, rindo. Mas há coisas que a genética não resolve. A forma de escrever música, por exemplo. Daniel prefere o computador. Já o pai e o avô... "Daniel acha obsoletas aquelas bolinhas no papel. Eu gosto. Meu pai nem olhava para aquela telinha, não tinha a menor curiosidade", compara Paulo.
(LAR)

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