São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
TV paga chega a 1 milhão de assinantes
JOÃO BATISTA NATALI
É pouco mais que o dobro do que havia em dezembro de 1995 (400 mil) e menos da metade do que deverá haver no final de 1996 (2.100 mil), caso o setor mantenha seu atual ritmo de progressão. Matematicamente, há um incontestável "boom" na venda de venda de sinais de TV. É um mercado que nasceu em 1989, mas que se tornou coqueluche da classe média a partir do início de 1994. A concorrência está aquecendo os cabos, as antenas de microonda (MMDS) e parabólicas tradicionais (banda C). Deve se aquecer ainda mais com a entrada em operações de uma nova tecnologia. Trata-se de um sistema que capta por uma parabólica menor que as habituais (60cm de diâmetro) o sinal digitalizado de satélites estacionados a 36 mil quilômetros de altitude. Um dos satélites, o Galaxy 3-R, foi lançado a 16 de dezembro e parte de sua capacidade de retransmissão será utilizada pela TVA, ligada ao Grupo Abril. O outro satélite, o Intelsat 7-A, deverá subir a 15 de janeiro e será parcialmente ocupado por retransmissores da Net-Sat, ligada às Organizações Globo. A TVA, a Net e respectivos associados estão desse modo disputando palmo a palmo um mercado que começa nos postes e nas valas em que os cabos de TV são esticados e acaba na órbita estacionária da Terra. A concorrência, em tese, tem como beneficiário o consumidor, que passa a dispor em 1996 desse novo tipo de recepção -denominada banda Ku ou DTH, sigla em inglês para a expressão "direto para os lares"-, e, também, de um número cada vez maior de canais. Embora não haja uma auditoria que acompanhe os números desse mercado, a Net-Brasil manteve em 1995 a dianteira em quantidade de assinantes diretos, que são aqueles que compram sinal de TV paga de suas subsidiárias, como a Net-SP, ou de associadas, como a Multicanal. Deve fechar o ano com 670 mil domicílios. A TVA não divulga estatísticas com a separação de assinantes diretos ou indiretos. Estes últimos compram o sinal de uma distribuidora independente, que por sua vez opera com um ou mais canais exclusivos da TVA em sua programação. A TVA deve somar hoje 370 mil assinantes diretos e mais 290 mil indiretos. Na cabeça do consumidor, canal digitalizado de TV significa um avanço tão grande quanto o foi, no final dos anos 70, a passagem do disco de vinil para o CD como suporte de reprodução musical. Mas não é bem assim. Os aparelhos de TV comercializados são ainda analógicos. O fato de os satélites operarem por sinal digitalizado não significa que haverá um aumento na qualidade da imagem de bons televisores expostos a boas condições de recepção de sinal aberto (as emissoras que qualquer um capta) ou já conectados à rede de cabos. Ou seja, o Brasil não deu ainda o grande salto tecnológico que apenas será viabilizado com a adoção da HDTV, a TV de alta definição, esta sim com uma imagem tão perfeita quanto a de um filme projetado numa tela de cinema. Outro esclarecimento: os 18 canais que descerão dos novos satélites com o sistema "pay per view" (o telespectador paga uma determinada taxa para assistir um filme ou programa) não são em verdade 18 mas talvez apenas quatro, que iniciam a transmissão de um mesmo filme em horário diferente. Mesmo assim, um dos efeitos da concorrência está no aumento de opções. Um assinante da Net-SP já possui no cabo 42 canais, entre emissoras abertas (Record, Cultura) e fechadas (GTN, Telecine), em inglês ou português (Fox). Dentro de um ano estará recebendo no mínimo mais dez. Quanto à TVA, além de seus 24 canais -alguns deles em dois idiomas, como a própria Fox- no mínimo outros oito devem ser distribuídos em 1996. Texto Anterior: 'Diário' expõe o Getúlio Vargas inapetente Próximo Texto: Canais de som chegam em 96 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |