São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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Mãos sem obras

VALDO CRUZ

BRASÍLIA - "No governo Fernando Henrique, a prioridade será a geração de empregos, com maior estabilidade e segurança no trabalho." Era o que anunciava o programa de governo de FHC, "Mãos à Obra".
Um ano depois da posse, quase nada foi feito para estimular a criação de novos empregos. Pelo contrário, 95 termina com um saldo negativo quando o assunto é o emprego do trabalhador brasileiro.
O pior é que o cenário para o próximo ano não é muito diferente. A previsão é unânime entre empresários, economistas e a própria equipe econômica: o desemprego vai continuar crescendo.
O principal indicador para 96 é o comportamento do nível de emprego nos últimos meses do ano. Normalmente, as vendas de Natal estimulam a criação de novas vagas no mercado de trabalho. Não foi o que aconteceu desta vez.
Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) mostram que o desemprego aumentou neste final de ano. A taxa de desemprego na Grande São Paulo pulou de 13,4% em outubro para 13,7% em novembro, o que significa 1,137 milhão de trabalhadores sem emprego.
Além disso, o próprio ministro Pedro Malan (Fazenda) prevê uma queda na atividade econômica brasileira no primeiro trimestre do ano que vem. O reflexo natural e perverso será mais desemprego.
O governo FHC terá de se movimentar na área, caso contrário enfrentará pressões sociais crescentes em seu segundo ano. Um primeiro passo seria desengavetar o projeto de redução do chamado "custo Brasil" -tudo aquilo que encarece a vida das empresas.
Antes de assumir o Ministério da Fazenda, Pedro Malan o anunciou como uma de suas metas. O objetivo era estimular a produção e combater o desemprego.
Depois da posse, Malan ganhou o apoio do colega Paulo Paiva (Trabalho). Os dois passaram a estudar formas de reduzir principalmente os encargos trabalhistas. Calculava-se que os custos trabalhistas poderiam cair até 12%.
O projeto, porém, termina o ano esquecido em alguma gaveta ministerial. O mesmo parece ter acontecido com o tópico "emprego" do programa de governo tucano.

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