São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Dole enfrenta desconfiança de republicanos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Se for eleito, Bob Dole será, com 73 anos, a pessoa mais idosa a assumir a Presidência dos EUA. A idade é apenas um dos problemas que o líder da oposição do Senado enfrentará para realizar o sonho de sua vida.
Primeiro, terá de derrotar os sete colegas republicanos que vão disputar com ele as primárias e a convenção do partido.
Mas essa será a parte mais fácil de sua missão: nenhum dos seus opositores parece ter a menor chance de arrancar de Dole a indicação republicana que ele já perdeu em 1980 (para Reagan) e 1988 (para Bush).
Apesar disso, Dole está longe de ser o grande unificador do partido que Reagan, por exemplo, foi. Os mais conservadores sempre o viram com desconfiança e algumas de suas recentes tentativas de se aproximar deles soaram falsas e chegaram perto do desastre.
Mesmo que nenhum de seus rivais republicanos possa ameaçar sua vitória no partido, unidos eles podem forçá-lo a aceitar uma plataforma eleitoral muito mais conservadora do que a sua individual.
A reação conservadora também poderá impedir o improvável maior trunfo de Dole para novembro: uma chapa com o general Colin Powell como vice.
Powell é tido como ainda mais moderado do que Dole pelos conservadores, que considerariam a parceria intolerável.
O popular general negro já disse e repetiu que não vai ser candidato a nada este ano. Mas a história política dos EUA mostra que um convite para a candidatura à Vice-Presidência é quase irrecusável.
No caso de Powell, há uma atração a mais: Dole se comprometeu a não se candidatar a uma eventual reeleição.
Depois, virá o embate com Clinton e, talvez, Perot. Muitos eleitores republicanos vão (como em 1992) abandonar o candidato do partido para ficar com o empresário, e, com isso, ajudarão a eleger Clinton de novo.
(CELS)

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