São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Droga dá até R$ 500 por semana

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Dinheiro fácil —até R$ 500 por semana, dependendo da sorte—, mulheres à vontade, droga, possibilidade de ascensão no trabalho, importância dentro da favela e vida quase sempre muito curta.
Isto é o que o tráfico oferece a um jovem que entra para o negócio da droga. Se a venda é bem-sucedida, o traficante tem direito a uma parte da mercadoria.
O menino geralmente começa a carreira no tráfico como "avião" (aquele que busca no morro a droga para o cliente e transmite mensagens aos traficantes).
Depois torna-se "olheiro" (observador) ou "fogueteiro" (o que avisa sobre a chegada da polícia). Os que enfrentam a polícia são os "seguranças" ou "soldados".
Um garoto bem-sucedido no tráfico pode chegar a contador, "gerente do preto" (se lida com maconha) ou "do branco" (se o produto é cocaína). Acima deles está o "dono" do morro.
"O traficante tem identidade muito fraturada. Ele tem medo de morrer, mas gosta do poder que o tráfico oferece", diz a antropóloga Alba Zaluar.
A antropóloga diz que a relação do tráfico com a favela é ambivalente: o morador teme o traficante como um tirano, considera-o covarde por andar armado, mas aproveita o que ele lhe oferece.
(FE)

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