São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Estripulias de Stéphanie não incomodam

BARBARA GANCIA

Yvete, manicure com a língua afiada como seu alicate de cutícula, revelou peculiaridades da família real

À exceção do fato de que a empresa de bebidas de minha família patrocinava a lancha off-shore de Stefano Casiraghi (marido da princesa Caroline, morto em acidente náutico em 3 de outubro de 1990), o contato mais íntimo que tive com a família principesca de Mônaco foi através de uma manicure monegasca de nome Yvete.
Em uma de minhas passagens pelo principado, para visitar um irmão que mora lá, Mimicha, mulher do ex-piloto de Fórmula-1 Carlos Reutemann, me indicou a prestimosa Yvete.
Como toda boa manicure, Yvete tem uma língua tão afiada quanto seu alicate de cutícula. E, em Mônaco, como em qualquer cidadezinha do interior, todos conhecem a vida dos outros em detalhes. Pois imagine o que a boa Yvete não foi capaz de me revelar sobre a família principesca em meia hora de tratamento das mãos.
Yvete me contou, e eu confirmei depois, que os monegascos adoram Stéphanie, Albert e o príncipe Rainier. Eles não ligam para as estripulias de Stéphanie porque, segundo Yvete, ela é amável com seus súditos e é autêntica. Quanto a Albert, os boatos que dão conta de sua falta de masculinidade não chegam a incomodar os monegascos.
Eu mesma estive com Albert durante o GP de Mônaco e o vi conversar com meu amigo, o jornalista italiano Franco Lini. Fiquei impressionada. Conheço muito nobre que fica tiririca quando seu interlocutor não se dirige a ele usando o título. O de Albert é "Sua Alteza Sereníssima", mas ele se deixou tratar por Franco por "você", sem maiores frescuras.
Os monegascos também adoravam Grace Kelly, que agora é nome de avenida e de maternidade. De Caroline, eles gostam um pouco menos. Consideram-na meio enjoada e criticam o fato de ela passar tempo demais em Paris.
Da janela do apartamento de meu irmão, Yvete me apontou um terreno que poderia tranquilamente abrigar um supermercado: "Está vendo aquela terra ali? Foi presente do príncipe para o Vaticano, na época em que Caroline tentava anular seu casamento com Philippe Junot".
Não é à toa que os felizardos habitantes daquele paraíso fiscal veneram a família Rainier. É só olhar para as cidadelas vizinhas, como a mirrada Cap D'Ail, por exemplo, para entender o motivo de tanta devoção.
Mais do que um hábil public-relations ou um ardiloso financista, o príncipe Rainier é um gênio imobiliário. Basta dizer que, na última vez que estive em Mônaco (ou Mo-ná-cô, como dizem os locais), apartamentos de 140 m2 estavam sendo avaliados em torno dos US$ 4 milhões.
Se Yvete dizia a verdade e aquele terreno realmente foi doado ao Vaticano, aposto que o papa vai achar Rainier uma mãe!

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