São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-ministros ocupam imóveis funcionais

VALDO CRUZ ; OLÍMPIO CRUZ NETO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto ministros de Estado são mantidos pelos contribuintes em apart-hotéis cinco estrelas, a um custo médio mensal de R$ 1.300 cada, 1.200 imóveis funcionais da União estão sendo ocupados irregularmente em Brasília.
A permanência dos ministros nos apart-hotéis é temporária. Eles só poderão continuar se hospedando até o início de março, de acordo com as normas impostas pelo Ministério da Administração.
Mas o Poder Executivo dispõe de 2.000 imóveis funcionais em Brasília, sem contar aqueles de propriedade das empresas estatais e Forças Armadas.
Apesar disso, cerca de 60% desses imóveis estão indisponíveis para acomodar os funcionários do terceiro escalão do governo Fernando Henrique Cardoso, que ocupam DAS-4 (Direção e Assessoramento Superior).
O motivo da falta de imóveis é resultado das brigas judiciais entre servidores e União para definir a quem pertencem os apartamentos.
O ministério informa que a prioridade é para ministros, secretários-executivos e assessores DAS-6 e DAS-5.
Apenas 213 imóveis estão disponíveis para todo o alto escalão da máquina federal. A Presidência da República e o Itamaraty administram seus próprios apartamentos, dentro de uma reserva técnica de 600 imóveis, divididos em cotas iguais de 300.
Mas existem casos também de ex-ministros e ex-assessores que se negam a devolver as chaves dos apartamentos funcionais para a União, mesmo não ocupando mais nenhuma função burocrática na administração pública.
A maioria dos apartamentos "invadidos" fica no Plano Piloto, bairro nobre de Brasília, e têm dois, três e até quatro quartos. O preço do aluguel de imóveis nos mesmo padrões no Plano Piloto varia de R$ 700 (dois quartos) até R$ 1.800 (quatro quartos).
A Folha apurou que entre os inquilinos indesejáveis do governo estão os ex-ministros Sinval Guazzelli (Agricultura) e Alexis Stepanenko (Minas e Energia). Ambos integraram o ministério de Itamar Franco e não exercem mais qualquer cargo no governo.
Guazzelli afirmou à Folha que deve desocupar o apartamentos nos próximos dias. "Ainda estou na margem de contrato para a desocupação", informou. Na casa de Stepanenko, a informação é de que ele está viajando.
Também o ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça, Théo Pereira da Silva, ocupa um apartamento funcional do Executivo, apesar de ser funcionário da Câmara dos Deputados. A Folha não localizou Silva ontem.

Texto Anterior: Mundo pobre ameaça afogar mundo rico
Próximo Texto: Krause manda rever obra do S. Francisco
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.