São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Lógica é dar mais que o juro externo

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O mercado desenha uma trajetória de queda para as taxas de juros. Dos 3,18% prognosticados pelo mercado futuro para este mês, o CDI-over recuaria para algo muito próximo de 3% em março.
Para fundamentar essa expectativa, se apóiam em três suposições que dispensam o Banco Central do pagamento de juro real muito alto: 1) a inflação, ignorando o consumo aquecido, ficaria entre 0,5% e 1%; 2) o pacote de ajuda ao México modera a vontade do investidor estrangeiro de deixar o país; 3) o crescimento do volume financeiro das exportações no mês passado chancela a previsão de superávit comercial em março.
Apesar do peso desses fatores, a estimativa de baixa para março pode ter sido exagerada. Após a alta de meio ponto percentual nos juros dos "Federal Funds" americanos, parte do mercado questiona a intensidade da queda. Entende-se que os juros internos precisam ficar altos para não perder competitividade em relação aos externos.
Para sustentar a atual banda de flutuação do câmbio —piso de R$ 0,84 e teto de R$ 0,86—, o BC não pode confiar irrestritamente na expectativa de que o volume de exportações permanecerá maior que as saídas de capital.
Há um estrito limite da política de estímulo ao ACC: com o passar do tempo as linhas de crédito vão se tornando raras e caras, reduzindo as vantagens da arbitragem financeira com o CDI. Para sustentá-la, é preciso elevar o CDI.
O próprio BC mostrou na sexta-feira que não está muito de acordo com o ritmo de queda previsto pelas instituições. No dia em que a Fipe divulgou o IPC de janeiro, 0,80%, historicamente baixo, o BC elevou a taxa-over de 5,34% para 5,35%.
Não há nenhum perigo de a aplicação financeira render menos que a inflação. Mesmo as opções de curto prazo, como o FAF, devem pagar nos próximos 30 dias, como em janeiro, ganho acima dos índices de preço.
Como não há elementos suficientes para garantir uma decisão certeira, opte ainda pela diversificação entre os CDBs, fundos de renda fixa com CDBs antigos e operações indexadas ao CDI.
A necessidade de recursos dos bancos manteve os juros dos CDBs pré acima da sinalização do DI futuro, na semana passada. É pouco provável, porém, que o descolamento persista. Os bancos deverão repassar ao CDB a queda nominal dos juros em março.
Mesmo que o juro efetivo fique estável em março, a taxa diária deve cair por causa do número de dias úteis maior (23 contra 18 de fevereiro). As projeções do DI futuro apontam 0,13% em março contra 0,17% este mês.
Se o BC não sancionar integralmente as expectativas baixistas do mercado, pode se extinguir a vantagem hoje existente do CDB sobre o DI futuro. Por isso, parte das aplicações deve ser protegida em operações de CDB/CDI, que acompanham a oscilação dos juros interbancários.

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