São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995
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Seleção de basquete completa 1.000 jogos

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao fechar sua pesquisa para a edição de um livro sobre a seleção brasileira masculina de basquete, o pesquisador José Medalha levou um susto. Somou, conferiu, somou outra vez. Mas a conta estava certa: a seleção tem hoje uma história de exatos 1.000 jogos.
"Tudo não passou de uma feliz coincidência. Fiquei espantado com o número", declarou José Medalha, 50, o autor da pesquisa.
A história do basquete no Brasil está perto de completar um século.
Cinco anos após a modalidade ter sido criada pelo canadense James Naismith, em Springfield, Massachusetts, nos EUA, ela chegou em 1896 ao Brasil.
Segundo Medalha, um missionário americano, Auguste Shawn, a trouxe e a colocou em prática no Colégio Mackenzie de São Paulo.
Vinte e seis anos depois surgiu a primeira seleção brasileira que enfrentou a Argentina no Rio. O Brasil venceu por 23 a 20.
"A pesquisa contempla todos os jogos a partir do confronto com a Argentina e termina com a participação brasileira no Campeonato Mundial do Canadá, no ano passado", afirma Medalha.
Não existe nenhuma pesquisa semelhante sobre o mesmo tema.
Medalha concentrou sua atenção nos dados básicos, como integrantes dos times, jogos e marcadores de pontos. Pelas suas contas, o Brasil enfrentou representações estrangeiras de 53 países em jogos amistosos e oficiais.
Embora aponte nas pesquisas jogos, por exemplo, contra seleções universitárias dos EUA, Medalha considerou para a soma dos confrontos contra aquele país apenas os 33 jogos disputados em competições oficiais, a última delas, envolvendo o "Dream Team 2", no Mundial do Canadá.
Contra a Alemanha, há registros de antes e depois da queda do Muro de Berlim. Aparecem jogos contra a Alemanha e contra a Alemanha Ocidental. Não foi encontrado nenhum registro de jogo contra a Alemanha Oriental.
O time nacional teve inúmeros técnicos, mas os que mais vezes estiveram no seu comando foram Ary Ventura Vidal (212 jogos), Togo "Kanela" Renan Soares (150) e Edson Bispo (119).
O bicampeão mundial Wlamir Marques, cestinha nos anos 50 e 60, quando não havia cesta de três pontos, fez 173 jogos e anotou 2.662 pontos.
O professor Medalha, assim chamado por grande parte dos militantes do basquete, é um dos per sonagens da história da seleção. O autor da pesquisa dirigiu o time do Brasil, quinto colocado na Olimpíada de Barcelona em 1992.
Mas o interesse pelo esporte vem de muito tempo atrás. Medalha é professor titular da Escola de Educação Física da USP.
O basquete é sua grande paixão esportiva, hobby e também profissão: ele dirige atualmente a equipe paulista do Telesp Clube.
Trabalhou ainda como assistente técnico nas seleções brasileiras que foram comandadas pelos técnicos José Edvar Simões (1982), Renato Brito Cunha (1983 e 84) e Ary Ventura Vidal (1985 a 88).
Estava no banco do time quando o Brasil conquistou o título dos Jogos Pan-americanos em 87, em Indianápolis, EUA, derrotando a seleção da casa.
E o time norte-americano, favorito, tinha entre outros destaques o pivô David Robinson, hoje no San Antonio Spurs.
Naquela época a pesquisa já estava em andamento (leia texto do autor nesta página).
"Faço uma narração histórica sobre acontecimentos relacionados à seleção, envolvendo dados de todos os jogos e das conquistas, como o título do Pan em 87 e o bicampeonato mundial", disse.
O texto está praticamente pronto e Medalha busca uma editora que se interesse pelo assunto. Ele também está atrás de fotos que possam ilustrar os dados da pesquisa.
O plano é produzir o livro para lançá-lo antes do Pré-Olímpico da Argentina, em agosto, quando o Brasil lutará para ir à Atlanta-96.

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