São Paulo, quarta-feira, 8 de fevereiro de 1995
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PMDB vai comandar CEI do Banespa

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O deputado estadual Barros Munhoz, candidato derrotado ao governo do Estado pelo PMDB e aliado do ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho, vai presidir a CEI (Comissão Especial de Inquérito) do Banespa.
Os governos de Orestes Quércia e de Fleury, ambos do PMDB, são apontados como principais responsáveis pela dívida do Estado com o banco (cerca de R$ 10 bilhões), um dos motivos que levaram à intervenção do Banco Central.
O PMDB decidiu indicar Munhoz em reunião ontem pela manhã. Segundo os peemedebistas, ele é o "mais experiente" para comandar a comissão por ter sido secretário na administração Fleury.
Por acordo entre os partidos que assinaram o pedido de instalação da CEI, o PMDB indicaria o presidente e os petistas ficariam com a função de relator.
Articularam a criação da CEI o PT, PMDB, PTB e PSDB, partido do governador Mário Covas.
Com Barros Munhoz na presidência e maioria (57 dos 84 deputados) na Assembléia Legislativa, Fleury pode controlar as investigações e impedir que a comissão identifique os responsáveis pela situação financeira do banco.
Os deputados eleitos, por determinação da Justiça, só irão assumir em 15 de março.
O líder do PMDB no Legislativo paulista, Milton Monte, discorda dessa avaliação e diz que a CEI irá demonstrar que a crise do banco não foi gerada pelo PMDB.
"A crise do Banespa foi gerada por vários governos, entre eles o do próprio Franco Montoro (hoje no PSDB), e pela política econômica do governo federal".
A indicação de Munhoz significa uma derrota para o governador Mário Covas. O seu partido, o PSDB, praticamente não terá influência nas investigações ao não indicar o presidente e nem mesmo o relator da comissão.
O deputado petista Lucas Buzzato, que deve assumir a relatoria, diz que "se quiser" o PMDB pode atrapalhar as apurações: "Pretendemos impedir isso mobilizando a sociedade em torno da CEI".
A CEI foi criada na última sexta para detalhar a situação financeira do banco e investigar supostas irregularidades como privilégios na concessão de empréstimos a políticos do PMDB e a contratação de funcionários "fantasmas".
Entre os suspeitos de receber privilégios está o ex-deputado quercista Manoel Moreira (PMDB), que teria obtido o perdão de uma dívida com o banco.

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