São Paulo, quarta-feira, 8 de fevereiro de 1995
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Maluf tenta responsabilizar Estado e União

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf afirmou ontem que os governos estadual e federal têm responsabilidade pelos estragos que as enchentes vêm provocando em São Paulo.
Ele disse que as inundações aconteceram na marginal do rio Tietê. "O rio é de responsabilidade do Estado. A solução do problema está no Tietê."
Depois, Maluf atenuou a sua declaração. "O governador Mário Covas não tem culpa. Ele está no governo só há 40 dias."
Segundo Covas, o Estado aguarda a liberação de um empréstimo de US$ 450 milhões do Japão para começar a tocar um pacote de obras na bacia do Tietê.
O governador quer aprofundar a calha do rio, canalizar 10.500 metros do rio Cabuçu de Cima e construir dois reservatórios nos rios Biritiba-Mirim e Paraitinga.
Para Maluf, as pessoas invadem áreas de risco pois o governo federal não repassa recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) recolhidos na cidade.
"A prefeitura não pode construir um muro de arrimo em um terreno particular", disse Maluf. "As pessoas invadem áreas de risco porque não há casas."
As administrações regionais foram orientadas ontem para realizar pequenas obras em morros onde isso "fosse possível".
Técnicos da prefeitura e particulares afirmaram que obras, como canalizações localizadas de esgoto, poderiam ter evitado acidentes.
Os administradores regionais afirmam que as obras não podem ser feitas agora. Haveria o risco de novos desabamentos.
As regionais estão fazendo apenas o trabalho de limpeza e vistoria nas áreas de risco. Quando é detectado perigo iminente de desabamento, o local é interditado e as pessoas são levadas para abrigos.

Orçamento
A ex-prefeita Luiza Erundina acusou o governo Maluf de "desmontar" o programa de remoção de famílias das áreas de risco. Ela disse que o trabalho de remoção deve ser preventivo.
O vereador Odilon Guedes (PT) disse que a prefeitura não gastou tudo o que o Orçamento de 1993 e o de 1994 autorizavam para remover a população das áreas de risco.
Segundo ele, a Secretaria da Habitação poderia gastar R$ 3.389.000,00 para remover famílias em áreas de risco em 1993. "Mas eles só gastaram R$ 714 mil, o equivalente a 21% do que o Orçamento autorizava", disse.
Em 1994, de acordo com o vereador, a secretaria gastou 75% da verba destinada à remoção. "Só com o que gastaram no túnel sob o rio Pinheiros dava para resolver grande parte do problema", afirmou Guedes. Em 93, a prefeitura investiu R$ 106 milhões no túnel.
O secretário da Habitação, Lair Krahenbuhl, disse que a remoção das áreas de risco não é atribuição de sua pasta, mas sim da Secretaria das Administrações Regionais.
Afirmou ainda que sua secretaria gastou tudo o que poderia na remoção. "Quem identifica as áreas de risco são as administrações regionais", disse.

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