São Paulo, quarta-feira, 8 de fevereiro de 1995
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CEF tem rombo de R$ 2,6 bi

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Caixa Econômica Federal anunciou lucro de R$ 213,4 milhões. Se contabilizasse perdas de R$ 2,6 bilhões —observando rigorosamente as regras de balanço— estaria tecnicamente quebrada.
O prejuízo superaria o patrimônio líquido da instituição, de R$ 1,7 bilhão. Em outras palavras, não haveria dinheiro para cobrir as perdas, o que é considerado risco para correntistas e poupadores.
Nessas circunstâncias, o Banco Central seria obrigado a liquidar a CEF. A instituição seria fechada e os clientes entrariam na fila para receber o dinheiro aplicado quando a liquidação fosse concluída.
Isso não ocorrerá. O governo não permitirá que um banco público do porte da CEF quebre.
O prejuízo resulta de uma regra da legislação de balanços, que determina a contabilização como prejuízo de créditos em atraso.
A dívida de R$ 2,8 bilhões do Tesouro junto à CEF está enquadrada nessa categoria. O que a CEF fez foi contabilizar o valor como um crédito normal, como se os pagamentos estivessem em dia.
O presidente da CEF, José Fernando de Almeida, disse que a dívida vencida do Tesouro junto à instituição não foi contabilizada como prejuízo porque é aguardada uma definição rápida do problema.
Ele disse que o Ministério da Fazenda tem pronta uma medida provisória estabelecendo uma fórmula para o pagamento da dívida.
A dívida do Tesouro junto à CEF seria transformada em títulos públicos. A CEF receberia o pagamento na forma destes títulos, que poderão ser utilizados no programa de privatização de estatais.
Almeida também disse que os créditos atrasados da CEF não foram contabilizados como prejuízo porque são junto ao controlador da empresa, o Tesouro. A legislação dos balanços não prevê esta exceção.

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