São Paulo, quarta-feira, 8 de fevereiro de 1995
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Tempo no Parque Antarctica anda quente

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Contrariando o polar nome que ostenta, o Parque Antarctica anda quente. E a temperatura pode atingir níveis infernais, caso o Palestra perca mais uma em seguida. É bem verdade que isso quase nunca acontece com um time grande. Perder três em seguida? Só se estiver numa draga. E este, seguramente, não é o caso do Palmeiras. Mesmo sem os que se foram, ainda é um timaço. Certamente, não como o bicampeão desfeito nesta temporada. Mas, ainda assim, um timaço.
O diabo é que vai ter de cruzar logo com o Guarani, que, mesmo sem Amoroso —pelo visto, de malas prontas para ocupar o lugar de Romário no Barcelona—, é uma equipe de respeito.
O que me espanta nessa crise alviverde é o descontrole do técnico Espinosa. Já de cara, queimou três jogadores —dois reservas, que disputam o lugar de Evair (Alex e Maurílio), e um titular (Índio), que há duas temporadas vem sendo considerado o melhor lateral-direito do nosso futebol, quando jogava pelo Santos.
Afinal, o próprio Espinosa fizera uma análise correta do que ocorreu nas duas derrotas: ainda que perdendo, o Palmeiras jogou melhor que seus adversários. Na última, então, o Bragantino fez o seu gol na única falha da zaga palmeirense.
Num caso desses, é dever do técnico irradiar confiança e tranquilidade aos seus jogadores. O inverso é contribuir decisivamente para o fracasso generalizado.

Ainda ontem, o vice-presidente eterno do São Paulo, o empresário Constantino Cury, me revelava que, ao chegar em Santo André para ver o seu tricolor golear o Novorizontino, no sábado, foi abordado por uma infinidade de torcedores, que imploravam para que seu time mandasse os jogos ali mesmo.
Eis uma medida inteligente. Não digo apenas no campo do Santo André. Mas também nas cidades vizinhas à capital. Mesmo com a transmissão pela TV (por assinatura), o tricolor atraiu dez mil pagantes em Santo André. Certamente, não teria esse público no Morumbi, num jogo que, no rigor da análise, não vale nada.
Ora, todos sabem que o São Paulo, a exemplo do Corinthians e do Palmeiras, além do Santos, claro, tem uma vasta torcida espalhada pelo interior, que raramente pode ver de perto seu time do coração enfrentando um inimigo que não seja o da própria cidade. Nestes casos, o torcedor dos grandes se encolhe, para não conflitar com os vizinhos. Mas, se o São Paulo, o Palmeiras, o Corinthians ou o Santos pega em Sorocaba o América de Rio Preto, por exemplo, o estádio é todo seu, sem remorsos nem pendengas.
E mais: sou capaz de apostar que a bela exibição do tricolor no sábado deve muito à animação das arquibancadas, vibrante o tempo todo, ao contrário, da frígida e até negativista coréia do Morumbi.
Ao leitor que pediu para retificar o placar de Santos 7, Palmeiras 6, nos idos de 50, citado por mim inversamente outro dia. Perdão: minha memória anda um trapo, mas foi um erro meu de digitação.

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