São Paulo, quarta-feira, 8 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tizuka Yamasaki filma 'Gritos de Amor' para 'geração abandonada'

DANIELA RIBEIRO
DA SUCURSAL DO RIO

A diretora Tizuka Yamasaki, 45, começa a filmar dia 17 de abril seu quinto filme, "Gritos de Amor". Com roteiro de Jorge Duran, argumento de Tizuka e de seu sócio Carlos Alberto Diniz, o filme é dedicado aos adolescentes.
A trama conta a história de uma menina de rua adotada. Já adolescente, a personagem se mete numa situação em que tem que relembrar o passado e procurar os dois irmãos de sangue.
Para o papel principal, a diretora quer a atriz Camila Pitanga, mas, como Pitanga está escalada para a nova novela das oito da Rede Globo ("A Próxima Vítima", de Sílvio de Abreu), a diretora ainda vai conversar com a produção para tentar conciliar os horários.
Outro nome cotado é o de Antônio Fagundes, que faria o papel do pai da menina.
"A gente ficou muito tempo sem cinema brasileiro e é muito difícil refazer tudo do zero. A gente precisa desse público", diz Yamasaki, explicando por que decidiu investir nos jovens.
Mas não foi apenas o tino comercial que motivou a diretora a direcionar seu alvo. Mãe de dois adolescentes, Ilya (13) e Fábio (16), Yamasaki acha que a geração deles está abandonada. "Mesmo com toda a minha vivência, é duro ter uma conversa em que me sinta cúmplice deles", diz.
"Gritos de Amor" tem orçamento de R$ 850 mil e será todo rodado com recursos de incentivo ao cinema, previstos em projetos do Estado do Espírito Santo.
Em troca, o filme, que pode se passar em qualquer cidade grande, terá locações em Vitória, capital do Espírito Santo, e nas cidades capixabas de Guarapari, Meaípe e Anchieta.
A direção de arte ficará a cargo da irmã de Tizuka, Yurika Yamasaki, responsável pelo visual da minissérie "Memorial de Maria Moura", da Globo.
A diretora pesquisou exaustivamente o universo de meninos e meninas de rua, com levantamentos em pastorais do menor, instituições religiosas de assistência e casas de crianças infratoras.
Apesar de tratar de problemas tão reais, Tizuka diz que "Gritos" é uma ficção e não tem cunho social. O tema é a adolescência, seja de rua ou não, com seus sentimentos, angústias e alegrias.
"Quero que o filme tenha profundidade, que seja jovem, mas que os pais também gostem. Não quero que os meus personagens sejam heróis gracinhas, mas que errem e acertem."
Yamasaki e Diniz produziram o filme "Bete Balanço", no início dos anos 80, referência para o público jovem da época. "Não vamos repetir o 'Bete', mas tentar restabelecer o canal de comunicação", promete Tizuka.

Texto Anterior: Aids é tema do Panorama
Próximo Texto: Demissão causa crise em 'Irmãos Coragem'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.