São Paulo, quarta-feira, 8 de fevereiro de 1995
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Denunciados bombardeios a civis

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A PATUCA (EQUADOR)

Continuaram ontem os enfrentamentos entre Peru e Equador na fronteira e há informações de que populações civis estão sendo bombardeadas.
Emissoras de rádio no Equador informaram que Fátima, uma aldeia de índios chuaras, na parte sul da fronteira, teria sido bombardeada na madrugada de ontem.
A operadora da Telefônica de Gualaquiza, a 20 km de Fátima, confirmou à Folha o bombardeio. Os 200 habitantes da aldeia já teriam sido retirados da região dias antes. Até o fechamento desta edição, a Folha tentava obter confirmação com autoridades locais.
O ataque teria ocorrido em represália a um suposto bombardeio equatoriano a dois vilarejos no Peru, que teria ocorrido anteontem.
O jornal limenho Gestión publicou denúncia das comunidades indígenas do lado peruano da cordilheira do Condor segundo a qual aviões equatorianos teriam bombardeado aldeias de índios na margem oriental do rio Santiago.
A TV peruana informou ontem que várias postos de fronteira do Equador (são oito no total) teriam sido tomados pelo Peru.
Haveria apenas um foco de resistência em Tiwinza, onde estariam ocorrendo, segundo a versão peruana, encarniçados combates corpo-a-corpo.
Em comunicado divulgado às 13h (16h em Brasília), o Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador negou que os postos tenham sido tomados.
Todos os ataques das patrulhas peruanas foram rechaçadas, disse o informe oficial. O comando também negou que a Força Aérea do Equador tivesse bombardeado cidades ou vilas peruanas.
Ontem, pela primeira vez desde o início do conflito, os militares equatorianos proibiram o acesso de jornalistas à zona de combate.
Alegaram que emissoras de TV estariam divulgando imagens comprometedoras e negaram que a proibição tivesse algo a ver com um possível avanço peruano.
Desde domingo estão sob ataque os postos fronteiriços de Tiwinza, Coango, Cueva de los Tayos e Condor-Mirador. Nos três últimos, os peruanos afirmam ter vencido a resistência equatoriana.
O general peruano Vladimiro López Trigoso, comandante da 5ª Divisão de Infantaria de Selva do Exército, disse que Tiwinza foi tomada parcialmente, mas que ainda existiriam focos de resistência inimiga.
A ofensiva contra Tiwinza estaria mobilizando cerca de 1.500 soldados peruanos, com apoio de helicópteros M-25 e aviões Sukhoi, de fabricação russa.
Mais de 4 toneladas de bombas teriam sido lançadas pelos aviões. Oficiais peruanos disseram que ontem suas tropas foram alvo de 200 mísseis equatorianos.
Em Patuca, onde funciona o Comando Bélico de Operações na Selva do Equador, não havia sinais de retirada ou de envio de reforços. Era grande a movimentação de aviões e helicópteros e nenhum oficial fez declarações.
O Peru disse nos últimos dias que suas forças haviam tomado também as bases de Cueva de los Tayos, Base Sur e Coangos, o que o Equador nega. Não há confirmação independente para nenhuma das duas versões.

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