São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Cidade criou 'seguro-caixão'

GILBERTO DIMENSTEIN
DO ENVIADO ESPECIAL

Teotônio Vilela criou, involuntariamente, o seguro-caixão. O caso já entrou para o folclore mórbido da cidade.
O corpo ia sendo levado ao cemitério. Malfeito, o fundo do caixão rompeu-se, e o defunto estatelou-se no chão. Acontece que a procissão era acompanhada por Cícero José Santos, amigo do morto e dono da funerária.
Todos encararam Cícero. Rápido, ele gritou: "Não se preocupem, na minha funerária, caixão tem seguro". Mandou um empregado buscar correndo outro caixão.
Sorrindo, Cícero confirma a história. No ramo funerário desde 1975, a taxa de mortalidade serviu para que desse arrancada em sua vida empresarial.
No começo, era apenas a "Funerária Padre Cícero". Ele fornecia caixões à prefeitura, repassados gratuitamente para as famílias pobres. Para "anjinho", expressão que significa no Nordeste criança morta, cada um sai por R$ 12,50.
Depois, ele colocou na frente da funerária uma farmácia. Os caixões passaram a ser construídos no fundo.
Montada a farmácia, veio uma padaria. Passou a criar vacas e A vender o leite. Montou um laboratório de prótese. Decidiu entrar na política, o que, por enquanto, só trouxe prejuízo.
(GD)

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