São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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NA PONTA DO LÁPIS

Já começo a desenvolver uma espécie de tique nervoso. Quando vejo qualquer aglomeração de quantidades, comparações e percentuais, puxo logo da calculadora. Às vezes, nem isso; para defender o interesse do leitor, socorro-me apenas do bom senso (a coisa mais bem-repartida do mundo, disse Descartes, que não conhecia o Brasil nem jornalistas).
Na terça-feira, deparei com o título na pág. 2-9: "Lojas triplicam vendas de guarda-chuvas".
Normalmente não leria uma reportagem dessas, que me desperta tanto interesse quanto outras do gênero sazonal, como vendas de ar-condicionado no começo do verão. Ou seja, nenhum. Mas algo me dizia que tinha coelho nesse mato.
Bingo: as lojas eram uma só, que passara a vender 1.000 unidades por dia, contra 250 antes do dilúvio que afogou São Paulo. Ou seja, quatro vezes mais. Em bom português e melhor aritmética, as vendas tinham quadruplicado.
Desta vez, pelo menos, não apareceu ninguém para dizer que os 250 guarda-chuvas iniciais "já estavam lá o tempo todo".

MARCELO LEITE é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais um ano. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade por um ano após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor —recebendo e checando as reclamações que ele encaminha à Redação— e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.

Cartas devem ser enviadas para a al. Barão de Limeira, 425, 8º andar, São Paulo (SP), CEP 01202-001, a.c. Marcelo Leite/Ombudsman, ou pelo fax (011) 224-3895. Para contatos telefônicos, ligue 0800/159000 entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.

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