São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 1995
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BC quer apressar fim da intervenção

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Pérsio Arida, quer apressar o fim da intervenção do BC sobre o Banespa, decretada no final do ano passado. Para isso, ou o governo estadual capitaliza o banco e o recebe de volta, ou o Banespa será privatizado.
"Minha preocupação é sair do banco o mais rápido", disse Arida ontem em reunião com a bancada paulista do Congresso, majoritariamente contrária à privatização.
A idéia de encerrar mais rapidamente a intervenção do Banespa, se levada a cabo, teria como desfecho mais provável a privatização.
O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), afirma que não há recursos no momento para capitalizar o Banespa.
O governo estadual deve R$ 9,8 bilhões ao Banespa, e desde janeiro não consegue pagar as parcelas mensais desta dívida. Ao mesmo tempo, Covas é contrário à idéia de vender empresas estaduais para salvar o banco.
Até o final da semana, Arida terá em mãos o relatório dos interventores do Banespa informando qual a necessidade de capitalização do banco.
Com base nos números, será cobrada uma solução de Covas. Se não houver a solução, a saída é a privatização, segundo Arida.
Na reunião de quatro horas entre Arida e os parlamentares, o impasse continuou. Arida informou que o BC ccontinua socorrendo o Banespa diariamente com R$ 2 bilhões, e descartou novas emissões de moeda para salvar o banco.
A posição de Arida fez o deputado Maluly Netto (PFL) ameaçar com "resultados negativos para o governo" se o Banespa for privatizado. "Pense bem: o senhor terá a bancada paulista contra", disse.
Arida respondeu que o Congresso pode, em tese, aprovar uma lei prevendo o aporte de recursos orçamentários da União para capitalizar o Banespa.
O deputado Hélio Rosas (PMDB), que presidiu a reunião, perguntou a Arida se o BC poderia defender a não privatização do Banespa junto ao governo federal. "Falando sinceramente, não", respondeu Arida.
Pelo menos 45 dos 70 deputados e dois dos três senadores paulistas se opõem à venda do Banespa, apoiando a posição de Covas.
Pelos dados de Arida, 80% dos créditos do Banespa são junto ao governo estadual e já estão em atraso. Dos créditos restantes, de R$ 1,9 bilhão, R$ 1,3 bilhão também estão atrasados.

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