São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 1995
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BC argentino aumenta juros para 13%

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O Banco Central argentino iniciou ontem um processo de elevação das taxas de juros para evitar fuga de investidores, sobretudo estrangeiros. As taxas subiram de 10,5% para 13% ao ano.
Os bancos de primeira linha ofereceram depósitos a prazo fixo em pesos, com juros de 17% ao ano. Grandes grupos empresariais somente têm acesso a linha de crédito se aceitarem juros superiores a 25% ao ano.
A elevação das taxas já era esperada pelo mercado por causa das dificuldades do Banco Central em realizar leilão para colocação de US$ 230 milhões em Letras do Tesouro Nacional.
Além disso, a divulgação de análise do grupo norte-americano J. P. Morgan de aumento da taxa de risco argentina para investimentos, após a crise mexicana, tumultuou ainda mais o mercado financeiro. A Bolsa caiu 4,8%.
Para que o mercado aceitasse comprar os papéis, essenciais para que o governo pague em dia encargos da dívida pública, o Banco Central teve que aumentar, na terça, as taxas para 11,6% ao ano.
O ministro da Economia, Domingo Cavallo, desistiu de aumentar o socorro aos bancos com risco de insolvência —dificuldade de pagar os compromissos em dia— para vender as Letras do Tesouro.
Até meados de março, o Banco Central deve realizar mais cinco leilões de Letras do Tesouro para obter US$ 1,7 bilhão, correspondentes aos encargos da dívida pública que vencem até abril.
Cavallo afirma que se houver dificuldades para colocação de novos papéis, ele não hesitará em utilizar recursos da privatização para pagar encargos da dívida.
Até agora, Cavalo não obteve autorização do Congresso Nacional para a polêmica privatização das usinas nucleares de Atucha I e Atucha II.
Ele enfrenta atualmente obstrução dos trabalhos legislativos pela bancada da UCR (União Cívica Radical) e não obtém quorum para votação de um pacote de medidas na área fiscal e reformas na lei trabalhista.
A bancada da UCR ameaça obstruir todas as votações até Cavallo aceitar convocação para debater a crise econômica argentina.
Além da obstrução dos radicais, o Congresso teve ontem um dia agitado. Mais de 3 mil aposentados protestaram em frente ao Legislativo contra as reformas no sistema de seguridade implementadas por Cavallo.

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