São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 1995 |
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Rebelião em Argel deixa 100 mortos
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS Pelo menos cem pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na repressão das forças de segurança argelinas a uma rebelião na penitenciária de Serkjadi, nos arredores de Argel.Segundo jornais argelinos, o objetivo da rebelião era exigir a libertação de três presos políticos, todos eles ligados a movimentos radicais muçulmanos. O ministro argelino da Justiça, Mohammed Teguia, disse que 4 guardas foram mortos e 12 ficaram feridos durante a rebelião; os 4 que morreram tiveram suas gargantas cortadas, afirmou. A agência oficial de notícias "APS" descreveu os prisioneiros rebelados como condenados por "crimes contra a segurança do Estado" —jargão para os militantes fundamentalistas muçulmanos que tentam há três anos estabelecer uma república islâmica. A informação sobre o número de mortos foi fornecida por diplomatas que não quiseram ter seus nomes revelados. Ao anunciar que as tropas do governo haviam esmagado a rebelião, o ministro Teguia disse apenas que " houve também alguns mortos e feridos entre os amotinados". Segundo ele, "a situação agora é normal". Caso o número de vítimas seja confirmado, este terá sido a mais grave chacina produzida após uma rebelião em prisão desde o massacre do Carandiru, em São Paulo, em outubro de 1992, no qual 111 prisioneiros foram mortos pela Polícia Militar. A prisão de Serkjadi abriga cerca de mil presos, 200 dos quais seriam militantes da FIS (Frente Islâmica de Salvação). O grupo tenta derrubar o governo argelino desde o cancelamento das eleições de janeiro de 1992, cujo primeiro turno foi vencido pelos fundamentalistas. A FIS é agora clandestina. Um dos prisioneiros mais conhecidos é Abdelkader Hachani, dirigente da FIS. Não havia ontem informações sobre se ele estaria vivo ou morto. Os outros seriam Abdelhak Laiada, líder do GIA (Grupo Islâmico Armado), condenado à morte, e Lambarek Boumaarfi, acusado pelo assassinato do presidente Mohamed Boudiaf, em 1992. Segundo um diplomata, Boumaarfi teria sido ferido durante a rebelião. O jornal "Le Matin" relatou que Laiada e Hachani teriam tentado convencer os rebelados a desistir, antes da ação das forças de segurança. A guerra civil argelina já deixou cerca de 10 mil mortos, segundo o governo —quase 30 mil, de acordo com estimativas extra-oficiais. Texto Anterior: Unionistas do Ulster rejeitam o documento Próximo Texto: Observadores confirmam novos combates entre Peru e Equador Índice |
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