São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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Deputados se atrapalham

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Votar errado na sessão, ficar perdido nos vários corredores do Congresso e achar que o secretário da Mesa emprega um idioma desconhecido para ler os requerimentos que serão votados são algumas das dificuldades que os deputados novatos enfrentaram nos primeiros dias de trabalho.
José Carlos Vieira (PFL-SC), 41, se atrapalhou com os botões que registram os votos na única votação nominal na Câmara nesta legislatura. Votou "não" querendo votar "sim".
"A minha bancada me chamou de reacionário, mas foi apenas um erro no momento de apertar o botão", afirmou Vieira.
Seu colega do PMDB Dilso Sperafico (MS), 41, reclamou do sistema eletrônico empregado para registrar os votos.
"Se o deputado perde o momento de apertar o botão tem que ir aos postos avulsos para registrar o voto", afirmou.
Sperafico teve que enfrentar uma grande fila, junto com os outros parlamentares que também perderam a vez, para votar.
O novato matogrossense vai verificar, com o passar do tempo, que a fila para o voto avulso se deve à ausência de deputados na hora da votação do que pelo manuseio errado do voto eletrônico.
Os congressistas calouros também sentem dificuldade para entender a leitura rápida dos requerimentos pela Mesa.
"Um deputado me perguntou se era um árabe frente ao muro de lamentações ou que dialeto era aquele", disse o pefelista Vieira.
"Por que não lêem logo em latim, ninguém entende nada mesmo?", ironizou o verde Fernando Gabeira.
"No princípio é assustador. O Congresso é muito grande. Dentro do plenário a gente nunca sabe se é dia ou noite", afirmou a deputada Maria Elvira (PMDB-MG).
Outro que teve dificuldades para encontrar o caminho do plenário foi José Carlos Vieira: "Dei três voltas na sala do cafezinho até descobrir onde ficava a porta para o plenário, mesmo assim só depois que o funcionário me alertou."
Os deputados novatos trouxeram também novos hábitos à Câmara. A peemedebista Maria Elvira comprou um forno para assar pão de queijo, uma especialidade que é marca registrada da mineiridad.
"Um forninho não vai transformar o meu gabinete em padaria. Oferecer um pão de queijo a um colega é uma atitude simpática não um ato de corrupção", disse Elvira. A massa será devidamente importada de Minas.
Gabeira procura ser elegante e inova na maneira de vestir. Na sessão de quinta-feira passada, entre os ternos cinzas e pretos do plenário, o verde vestia um blazer vermelho com calças pretas.
No dia anterior, esportivo, Gabeira usava calça e jaqueta jeans, gravata e tênis. Ele sempre dispensa o broche que identifica os parlamentares e que deve ser usado na lapela. "Não sou xerife", afirma.

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