São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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Timbalada toca com "índios"

DANIELA FALCÃO
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

Uma das maiores novidades do Carnaval de Salvador em 95 acontece hoje com o encontro de Carlinhos Brown, acompanhado de 200 timbaleiros, com o bloco de índios Apaches do Tororó.
Os blocos de índios, tradição antiga do Carnaval baiano, também têm na percussão a base de sua música. Junto a cem percussionistas, homens e mulheres desfilam pelas ruas do centro com fantasias que lembram as roupas dos índios norte-americanos.
Os mais conhecidos são os Comanches e os Apaches do Tororó.
A Timbalada só volta a se apresestar em Salvador na manhã da Quarta-Feira de Cinzas, fechando o Carnaval baiano, com a Lavagem do Cristo da Barra.
"A lavagem começou há quatro anos, quando decidimos tocar na Barra às 11h de quarta, depois que os últimos trios deixavam a Castro Alves. Um carro da prefeitura acompanhou a gente jogando sabão na rua e a cidade já estava voltando ao normal. O povo gostou e agora tem lavagem todo ano", diz Carlinhos Brown.
Na quinta-feira passada, no último ensaio que fez antes da apresentação de hoje, Brown checou pessoalmente a afinação dos quase 20 surdos de sua Timbalada e exigiu rigor militar dos timbaleiros.
"Não é fácil trabalhar com adolescentes. Eles são super empolgados, mas se dispersam com muita facilidade e não prestam atenção no que a gente está dizendo. E além disso tudo, tenho que dar uma de pai, irmão mais velho e conselheiro cada vez que um chega aqui dizendo que brigou com a namorada ou com a família."
Os timbaleiros de Brown têm entre 13 e 25 anos e recebem meio salário mínimo para tocar na banda. "Esse dinheiro é para ajudar nos estudos", diz Brown.
Brown reclamou da dificuldade em conseguir instrumentos de boa qualidade no Brasil e disse que agora sua prioridade é melhorar cada vez mais o som produzido pela Timbalada.
"Acabou aquela fase de batucada pura, de 'pracata-prucutum' sem preocupação com qualidade. Quero da Timbalada um som perfeito, com surdos afinados e timbaus no compasso certo. Só que é muito difícil porque não há instrumentos no mercado. O jeito é improvisar."

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