São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 1995 |
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Dermatologista se transforma em "aderecista" no Carnaval
CRISTINA GRILLO
No 12º mês, ele tira férias nos dois empregos e se transforma em aderecista (pessoa responsável pela confecção de alegorias e adereços) de escolas de samba. "Há dez anos não sei o que é viajar nas férias. Adoro Carnaval e me transformo em carnavalesco nesta época do ano", afirma. A paixão pelos barracões de escolas de samba começou com uma visita. Faria desfilava pela Beija-Flor de Nilópolis e um dia resolveu conhecer o lugar onde os carros alegóricos e fantasias eram feitos. "Quando entrei no barracão, meus olhos brilharam. Foi amor à primeira vista", diz Faria. Joãosinho Trinta, então carnavalesco da Beija-Flor (hoje na Unidos do Viradouro), percebeu o entusiasmo e convidou o médico para ajudar a finalizar um carro alegórico. A partir daquele Carnaval, todos os anos Sérgio Faria trabalha em um barracão. Foram quatro anos na Beija-Flor, um ano como carnavalesco da Arranco do Engenho de Dentro (uma escola do Segundo Grupo do Rio) e agora, há cinco anos, ele é o encarregado dos adereços da Imperatriz Leopoldinense (atual campeã carioca). "Não tenho férias, lazer; viajar, não posso nem pensar. Só quero saber de barracão", diz Faria, que também ajuda, durante o desfile, a organizar a escola. Apesar de ser o principal responsável pelos adereços da escola, Faria não tem nenhuma formação em artes plásticas. "É tudo intuitivo, nunca estudei nada ligado a isso", diz o médico. O envolvimento com o Carnaval é tanto que, gradativamente, Faria vem largando a medicina. Dos cinco empregos que tinha há dez anos, ele ficou com apenas dois. "A cada ano, começo a trabalhar mais cedo no barracão. Por isso, aos poucos, fui largando os empregos. Agora, sou médico só pela manhã", completa. Texto Anterior: Real leva ufanismo ao desfile Próximo Texto: Gaviões tira 1º grito de 'é campeã' da platéia Índice |
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