São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 1995
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Dermatologista se transforma em "aderecista" no Carnaval

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Durante 11 meses no ano, Sérgio Faria, 49, trabalha como dermatologista no Inamps e em um centro municipal de saúde.
No 12º mês, ele tira férias nos dois empregos e se transforma em aderecista (pessoa responsável pela confecção de alegorias e adereços) de escolas de samba.
"Há dez anos não sei o que é viajar nas férias. Adoro Carnaval e me transformo em carnavalesco nesta época do ano", afirma.
A paixão pelos barracões de escolas de samba começou com uma visita.
Faria desfilava pela Beija-Flor de Nilópolis e um dia resolveu conhecer o lugar onde os carros alegóricos e fantasias eram feitos.
"Quando entrei no barracão, meus olhos brilharam. Foi amor à primeira vista", diz Faria.
Joãosinho Trinta, então carnavalesco da Beija-Flor (hoje na Unidos do Viradouro), percebeu o entusiasmo e convidou o médico para ajudar a finalizar um carro alegórico.
A partir daquele Carnaval, todos os anos Sérgio Faria trabalha em um barracão.
Foram quatro anos na Beija-Flor, um ano como carnavalesco da Arranco do Engenho de Dentro (uma escola do Segundo Grupo do Rio) e agora, há cinco anos, ele é o encarregado dos adereços da Imperatriz Leopoldinense (atual campeã carioca).
"Não tenho férias, lazer; viajar, não posso nem pensar. Só quero saber de barracão", diz Faria, que também ajuda, durante o desfile, a organizar a escola.
Apesar de ser o principal responsável pelos adereços da escola, Faria não tem nenhuma formação em artes plásticas.
"É tudo intuitivo, nunca estudei nada ligado a isso", diz o médico.
O envolvimento com o Carnaval é tanto que, gradativamente, Faria vem largando a medicina. Dos cinco empregos que tinha há dez anos, ele ficou com apenas dois.
"A cada ano, começo a trabalhar mais cedo no barracão. Por isso, aos poucos, fui largando os empregos. Agora, sou médico só pela manhã", completa.

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