São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995
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Tucanos dizem por que Brasil não é México

FERNANDO DE BARROS E SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Preocupados em dizer à comunidade internacional que o Brasil não é o México, um grupo de intelectuais tucanos participa a partir de amanhã, em Londres, do seminário "A Agenda de Reformas no Brasil -Prioridades para FHC".
Organizado pelo Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Londres, o encontro terá entre os debatedores brasileiros vários entusiastas do governo.
Estarão lá o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega; o banqueiro e economista André Lara Resende; a secretária-executiva do Ministério do Meio-Ambiente, Aspásia Camargo; o cientista político Bolívar Lamounier; e o vice-presidente da Caixa Econômica do Estado de São Paulo, Joaquim Elói Cirne de Toledo, entre outros.
"Ouvi dizer que a crise do México despertou um grande interesse dos banqueiros pelo seminário", diz Mailson da Nóbrega, que fala na sexta-feira sobre as "Perspectivas do Plano Real".
"É um grande equívoco usar a crise mexicana para fazer a crítica ao nosso modelo de ajuste econômico. O México não seguiu o modelo, financiou uma grande festa com capitais de curto prazo", diz.
O economista Joaquim Elói também acha que o Brasil tem como evitar "os erros mexicanos". Mas admite: "Se eu estivesse vendo as coisas de lá, do outro lado do Atlântico, também não diferenciaria os dois países", diz.
Preocupada em separar o Brasil do "contra-exemplo" mexicano, a cientista política Aspásia Camargo vai defender na sexta-feira que é "urgente fazer a reengenharia do setor público para monitorar o processo de globalização".
Segundo ela, a globalização "está aí, não há como fugir dela". O problema, diz, "é não deixarmos que ela seja conduzida com espontaneísmo desarticulado".
Aos que relutam em engolir esse discurso, Aspásia diz que "o Brasil sempre foi paquidérmico, custa mesmo a bater o martelo".

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