São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995
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Lá vem bomba

THALES DE MENEZES

Existem duas grandes novelas no tênis mundial: o cada vez mais difícil retorno de Monica Seles e a polêmica sobre mudanças nas regras que permitam quebrar a monotonia do esporte. No caso Seles, nenhuma novidade. Mas no caso das regras, há nova boataria.
Depois de especular a eliminação do segundo saque, a elevação da rede e outras alterações diretas nas regras do jogo, parece que a Federação Internacional de Tênis quer combater o excesso de jogos dos tenistas durante a temporada.
Becker, Agassi, Sampras e amigos já chiaram contra a falta de um período de férias no circuito. É uma discussão esquisita. Afinal, qualquer um deles poderia escolher um mês e deixar de jogar, ficar em casa descansando, como todo trabalhador. Mas aí vem a velha história: a carreira é curta, os organizadores oferecem bolsas extras para atrair os astros e fica difícil de recusar. Com isso, o sujeito acaba jogando tênis o ano inteiro.
Já que os tenistas não se controlam, a FIT resolveu se mexer. Seus dirigentes desmentem, mas na verdade existe na entidade um projeto para limitar a participação de tenistas nos torneios. As medidas já estariam sendo discutidas com as associações dos jogadores (ATP e WTA), que são, a princípio, as adversárias da medida.
Já pensou se passa a vigorar um limite de, por exemplo, 15 torneios por ano? Em 1994, a média entre os "top 100" atingiu 18,9 torneios disputados. Mas existem alguns que chegaram ao máximo de 26 competições.
Os autores da proposta acreditam que se os tenistas disputarem menos torneios estarão melhor preparados ao entrar na quadra. Correto, mas a medida iria impedir o faturamento dos tenistas com posição intermediária no ranking.
Dependendo da bolsa do evento, quem perde na primeira rodada de um torneio pode ganhar até US$ 4.000. Não é pouco para menos de duas horas de trabalho.
A limitação iria frustrar também os organizadores dos eventos. Afinal, um deles pode ter grana suficiente para pagar um Pete Sampras e ouvir um "não" como resposta, porque o tenista já estaria com a agenda lotada. E o número de torneios só tende a crescer. Há pelo menos 19 cidades reivindicando datas na ATP e na WTA.
E pensar que há 15 anos os cartolas até criavam regras para obrigar o tenista a jogar mais torneios. Era uma época em que Bjorn Borg queria fazer apenas dez participações no ano. Outros tempos, quando o tênis era mais atraente.

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