São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995
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A nota do prefeito

Nos últimos dois meses, o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, esteve frequentemente nos jornais. O saldo, segundo pesquisa do Datafolha, não foi positivo.
Sua aprovação (ótimo/bom) ruiu de 39% para 26% de dezembro a fevereiro, ao passo que a taxa de ruim/péssimo saltava de 29% para 38%. Para 35% dos paulistanos, Maluf tem desempenho regular.
Um dos eventos mais marcantes desse período —o enorme volume de chuvas em São Paulo— certamente independe da atuação da prefeitura. Há até algumas obras que podem ser feitas para atenuar os efeitos das precipitações (o "piscinão" do Pacaembu parece ser um bom exemplo), mas seria irrealista exigir que toda a estrutura da cidade fosse planejada, com todos os custos que isso implicaria, para suportar recordes de precipitação.
Mesmo assim, o trágico saldo das águas deste verão até aqui como que aponta para o governo municipal: 14 pessoas morreram em desabamentos ocorridos em terrenos da prefeitura ocupados ilegalmente.
O mesmo problema de falta de fiscalização, aliás, parece ter ocorrido no caso da explosão de uma loja de fogos de artifício irregular, que matou 15 pessoas.
Ainda outro episódio que ganhou destaque foi o do administrador regional da saúde —depois demitido— que determinou a utilização de seringas de vidro em prontos-socorros. Independentemente da autoria direta desses dois últimos casos, a responsabilidade final é da prefeitura e sua imagem que acaba saindo afetada.
O prefeito tem portanto muito com que se preocupar se pretende mesmo se candidatar novamente, como insinua em entrevista publicada domingo nesta Folha. É possível que a avaliação negativa se recupere naturalmente com o fim das chuvas fortes de verão. Mas o fato por enquanto é que —justa ou injusta— a sua nota apurada pelo Datafolha junto aos eleitores é de 4,3 em 10. E isso significa reprovação.

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