São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995 |
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Radares falhos
CLÓVIS ROSSI SÃO PAULO — Chega a ser espantosa a ligeireza com que o secretário de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardemberg, afasta a hipótese de investigar o caso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), a concorrência de US$ 1,4 bi ganha pela empresa norte-americana Raytheon.Sardemberg diz que a suspeita sobre propinas a funcionários do governo brasileiro, levantada pelo jornal "The New York Times", é vaga demais. Queria o quê? Que o jornal entregasse o nome, filiação, CIC, RG e, se possível, o CEP de eventuais delinquentes? O caso Sivam está cercado de sombras desde o início. Tempos atrás, recebi uma sucessão de telefonemas anônimos pedindo que investigasse o episódio. Eram telefonemas nervosos, muito rápidos, não mais do que alguns segundos, como se o interlocutor temesse ser localizado. Consultei o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que já havia feito uma primeira sondagem a respeito e tinha uma lista de perguntas às autoridades brasileiras. Mas Suplicy não dispunha então de evidências (ou sequer indícios) de irregularidades. De estranhável, acima de tudo, o empenho do secretário norte-americano de Comércio, Ron Brown, em que a concorrência fosse vencida pela Raytheon, a firma dos Estados Unidos que disputava com a Thomson (França). É sempre eticamente discutível um funcionário público fazer o papel de mascate de uma empresa privada. Mas nada além disso. Viagens sucessivas afastaram o caso Sivam da minha agenda, até que reapareceu na infanto-novelesca versão do "The New York Times", segundo a qual a CIA teria denunciado as propinas da Thomson, o que fez com que a concorrência fosse vencida pela Raytheon. Bobagem. Concorrência pública se vence por um destes métodos: proposta melhor do que a concorrência, propina maior do que a da concorrência ou uma combinação das duas anteriores. Qualquer governo que se pretenda sério teria o máximo interesse em saber em qual das três hipóteses se enquadra o caso Sivam. Texto Anterior: A nota do prefeito Próximo Texto: Que fazer com R$ 18 por ano Índice |
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