São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Tucano busca o tempo perdido

FERNANDO RODRIGUES
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO (CHILE)

Para cumprir uma "autopromessa" de campanha, o presidente Fernando Henrique Cardoso iniciou uma visita sentimental ao Chile.
Quando era candidato, FHC disse a amigos que, caso eleito, gostaria de fazer sua primeira visita como chefe de Estado ao país que o abrigou nos anos 60.
Depois do movimento militar de 1964, FHC preferiu sair do Brasil. Morou no Chile por aproximadamente quatro anos. Deu aulas, trabalhou e fez amigos.
FHC chegou ontem às 22h30 a Santiago, capital chilena. Veio do Uruguai, onde assistiu à posse do novo presidente, Julio Maria Sanguinetti.
Preocupado em recepcionar o velho amigo, que conheceu nos anos 60, o presidente chileno, Eduardo Frei, preparou uma chegada cronometrada a Santiago.
Também do Uruguai, o chileno preparou uma partida com dez minutos de antecedência em relação a FHC. Desembarcou e recebeu o amigo brasileiro na pista do aeroporto.
FHC é amigo de vários dos integrantes do governo chileno. Além de Eduardo Frei, conhece ministros, deputados, senadores. Para tornar a viagem mais pessoal, o brasileiro fez questão de convidar outros colegas da época do auto-exílio chileno.
Três deputados, um senador, um amigo pessoal e dois ministros de Estado chegaram na parte da tarde, antes de FHC.
Vieram os deputados Franco Montoro (PSDB-SP), Almino Affonso (PSDB-SP) e Benito Gama (PMDB-BA), o senador Artur da Távola (PSDB-RJ) e os ministros Paulo Renato Souza (Educação) e Francisco Weffort (Cultura). O amigo incluído na comitiva é Fernando Gasparian, ex-deputado pelo PMDB-SP.
Todos os convidados de FHC chegaram a Santiago em um vôo especial com um avião da Presidência da República.
A viagem não tem sentido prático. Trata-se de uma visita de cortesia. Está prevista apenas a assinatura de um ato conjunto pelos presidentes dos dois países.
Segundo a Folha apurou, o ato conjunto será um documento conciso, de poucas páginas, onde FHC e Eduardo Frei reafirmarão a amizade entre os dois países e o desejo de integração regional.
Sem programação, os parlamentares, os ministros e o amigo Gasparian foram passear ontem à tarde por Santiago. Acompanharão FHC a suas passagens pelo Congresso, Corte Suprema e palácio do governo chilenos.
Os parlamentares, os ministros e o amigo Gasparian vão, também, a duas recepções com FHC, visitam a prefeitura de Santiago e assistem à inauguração de um pequeno monumento em homenagem ao músico brasileiro Tom Jobim em uma praça da capital chilena.
Almino Affonso, Arthur da Távola, Paulo Renato e Francisco Weffort viveram no Chile. "Foi emocionante ver esse grupo descer do avião", disse o deputado Benito Gama.
Ninguém chorou. "Mas os olhos ficam marejados", disse Artur da Távola. "É melhor estar no poder do que no exílio", afirmou Affonso, antes de subir para o quarto no hotel Carrera (US$ 105 a diária), onde ficou hospedada a comitiva brasileira —composta por 25 pessoas. FHC ficaria hospedado na embaixada brasileira.
(FR)

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