São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Taxa de juros tem queda de 15,8% no México

DA REPORTAGEM LOCAL E DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A ajuda a empresas e bancos anunciada ontem pelo presidente mexicano, Ernesto Zedillo, provocou queda de 15,8% na taxa de juros dos títulos emitidos pelo Tesouro mexicano, os Cetes.
Na segunda-feira a taxa de juros dos Cetes de 28 dias atingiram 59%, ontem fechou em 49,7%.
Ontem, o governo negociou cerca de US$ 407 milhões em títulos e a taxa de câmbio apresentou recuperação de cinco centavos frente ao dólar, fechando em .
Para o ministro das Finanças, Guillermo Ortiz, o peso ainda está muito defasado.
Ortiz espera que a taxa de câmbio e a Bolsa se estabilizem, quando o governo anunciar o pacote de reestruturação econômica, esperado para essa semana.
"Os setores produtivos estão sendo consultados na formulação do plano, portanto é previsível que o mercado se estabilize", afirmou.
Os investidores, porém, reagiram mal à prisão do irmão do ex-presidente Carlos Salinas, acusado de envolvimento no assassinato do líder político Francisco Ruiz Massieu.
A Bolsa registrou queda de 2,06%, fechando em 1.517,92 pontos. Teme-se uma rivalidade entre Salinas e Zedillo possa desestabilizar ainda mais o mercado.
O presidente Zedillo anunciou anteontem a criação da "Unidade de Inversão" para indexar a dívida das empresas à inflação.
Miguel Mancera, presidente do Banco do México, afirmou que trata-se de uma forma de "proteger o capital contra a inflação".
A UDI é uma unidade de conta de valor real constante para indexar créditos, depósitos e outras operações financeiras. Sua entrada em vigor depende somente da aprovação do Congresso.
No dia de sua introdução, a unidade valerá 1 novo peso e vai variar de acordo com o "índice nacional de preços ao consumidor".
Mancera deixou claro que a UDI é uma unidade de conta e não uma moeda.
Outra medida anunciada pelo presidente do banco do México, a volta do peso ao mercado de futuros, só deve tornar-se efetiva em abril, quando as instituições de crédito vão receber autorização para realizarem as operações.
"Os mecanismos de controle sobre os intermediários e os participantes das operações são muito complexos", disse mancera.
Para atenuar os riscos do crédito no país, os bancos deverão ter reservas iguais a 60% de seus créditos não recebidos ou 4% do total de créditos concedidos.
Outro ponto do programa anunciado pelo governo visa resolver o problema de capitalização de recursos por parte dos bancos.
O "Programa de Capitalização Temporal" —como foi denominado— vige a partir de 1º de março e tem duração de cinco anos. Prevê a criação de um "Fundo Bancário de Proteção Econômica".
As instituições financeiras poderão receber recursos através da emissão de títulos —obrigações subordinadas— conversíveis em ações da própria instituição, que serão adiquiridas pelo "Fundo Bancário" com financiamento do Banco do México.

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