São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Quércia quer "purificar" partido

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa pelo controle do PMDB paulista ressuscitou o estilo "trator" do ex-governador Orestes Quércia.
"É fundamental que purifiquemos o partido, eliminando de nosso convívio os compradores de votos, os falsos partidários, os falsos companheiros e os traidores de sempre", diz trecho de carta endereçada por Quércia a dirigentes municipais do PMDB do Estado.
A linguagem agressiva tem endereço certo: Quércia enxerga no ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho e no deputado Luiz Carlos Santos (líder do governo na Câmara) seus principais inimigos.
Vencer Fleury e Santos, que atuam com o deputado estadual Arnaldo Jardim no embate pelo controle do PMDB paulista, é hoje o objetivo de vida de Quércia.
No próximo dia 12, serão renovadas as direções municipais do PMDB. Em maio, os dirigentes que serão escolhidos dentro de uma semana vão eleger a nova cúpula do PMDB estadual.
Quércia entende que perder a base paulista do partido seria sua morte política. Ao perceber a articulação de Fleury e Santos, Quércia voltou a procurar prefeitos e dirigentes do PMDB paulista.
Em um escritório seu próximo à marginal do rio Pinheiros (zona sul de São Paulo), Quércia está convocando e recebendo caravanas desses dirigentes.
Raramente a conversa não é recheada por palavrões e galhofas quando são citados os nomes de seus adversários internos.
"Estava quieto, mas percebi o movimento de certas pessoas e comecei a conversar com outras pessoas", afirma Quércia, referindo-se, embora sem citar nomes, a Fleury e Santos.
Em linguagem de campanha, promete esmagar o grupo adversário. "Vou ter 80% dos votos do interior e mais ou menos a mesma coisa na capital", diz.
Alguns quercistas históricos também fazem parte da cruzada de Quércia contra Fleury e Santos. Entre eles estão o deputado estadual João Leiva e os federais Alberto Goldman e José Aristodemo Pinotti.
Leiva, que assumiu a presidência do PMDB paulista após a morte de Roberto Rollemberg, dispara contra Fleury.
"A resistência a Fleury é grande. O partido saiu enfraquecido de sua gestão, ao contrário do que ocorreu no governo Quércia", diz.
Nos últimos dias, Quércia priorizou a tentativa de "entrar" no PMDB da capital do Estado, área que lhe é tradicionalmente hostil.
Aos políticos com quem tem conversado, Quércia tem insistido que seu projeto político imediato, após manter a hegemonia no PMDB de São Paulo, é articular a campanha para o Palácio dos Bandeirantes, em 98.
(CEA)

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