São Paulo, domingo, 5 de março de 1995 |
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Presos rebelados ameaçam queimar reféns
LUÍS EDUARDO LEAL; PATRICIA DECIA Até as 14h de ontem, 66 funcionários estavam com os amotinados; invasão é descartada durante negociaçãoLUÍS EDUARDO LEAL PATRICIA DECIA Reportagem Local Nove presos da penitenciária de Franco da Rocha (Grande São Paulo) mantinham até as 12h de ontem 66 funcionários como reféns, entre eles dois diretores do presídio. Apenas quatro mulheres foram soltas até as 14h. Segundo o diretor-administrativo Paulo Braga, 36, os nove amotinados seriam portadores do vírus da Aids. A revolta dos detentos começou às 17h da sexta-feira, quando renderam com estiletes o diretor-substituto do presídio, Aleixo Nogueira Lelis Filho (leia texto ao lado). Eles exigiam carro-forte, quatro metralhadoras, quatro escopetas, nove revólveres e munição para deixar o presídio, com seis reféns. Ameaçavam atear fogo em 30 funcionários e matar os demais caso não fossem atendidos. Na madrugada, os presos negociaram com o secretário-adjunto da Justiça e Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, sem chegar a um acordo. Às 3h do sábado, exigiram a presença da imprensa, até então mantida do lado de fora, para que as negociações prosseguissem. Os nove presos, liderados por Valdir de Barros, o Santista, colocaram quatro grandes botijões de gás na entrada principal da cadeia para desestimular uma eventual invasão da Polícia Militar. "Façam o que eles pedem, eles não estão brincando", disse um funcionário com uma faca no pescoço, confirmando que os presos haviam molhado com querosene um refém, ameaçando incendiá-lo. Os presos mostraram o diretor do presídio, Aleixo Lelis, carregado por três serventes —ele sofre de uma doença na medula óssea e seu estado de saúde se agravou após a rebelião. Às 6h25, o secretário da Justiça e Administração Penitenciária, Belisário dos Santos Junior, chegou ao presídio para negociar com os reféns. "Enquanto houver negociação, não vamos invadir. Já dissemos que não vamos dar o carro-forte", afirmou às 11h30 o secretário. Às 12h45, o advogado do preso Manoel Messias, Ubirajara Russiano, pediu à Secretaria da Justiça um documento garantindo integridade física e a remoção dos presos. Até as 14h, nada foi acertado. LEIA MAIS sobre a vida nos presídios às págs. 4-1 e 4-6 Texto Anterior: Itamar sabia pouco do projeto Próximo Texto: "Castigo" causou motim Índice |
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