São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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Itamar sabia pouco do projeto

GUSTAVO KRIEGER
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Itamar Franco sancionou a decisão de entregar para a empresa norte-americana Raytheon um contrato de US$ 1,4 bilhão com o Sivam sem ler nenhum relatório do governo sobre o caso.
Itamar tomou a decisão depois de uma exposição oral de 15 minutos, feita pelo então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mario Cesar Flores.
A única informação fornecida pela SAE a Itamar veio em um conjunto de 15 lâminas reprográficas, apresentadas por Flores durante sua exposição.

Resumo
A Folha teve acesso a essas lâminas. Elas lâminas traziam, de forma extremamente simplificada, as informações sobre as propostas apresentadas pelos dois consórcios de empresas que disputavam o contrato, liderados pela norte-americana Raytheon e pela francesa Thomson.
Itamar assinou as principais decisões no processo de criação do Sivam, mas sua participação na elaboração do projeto foi mínima.
O Sivam foi criação da Secretaria de Assuntos Estratégicos, em combinação com o Ministério da Aeronáutica.
Oficialmente, a elaboração do Sivam envolveu órgãos dos ministérios da Justiça, Meio Ambiente e Comunicações, além dos militares.
Na verdade estes órgãos nada mais fizeram que apresentar suas propostas para utilização do sistema em cada área.
A concepção do sistema ficou inteiramente entregue aos militares.
Foi a SAE quem definiu a configuração do Sivam, incluindo questões como o número de radares e de estações de comunicações e como os dados processados pelo sistema seriam repassados a outros órgãos.
Mario Cesar Flores foi o grande lobista do Sivam dentro do governo. Ele foi a ponte entre Itamar e os técnicos que trabalhavam na elaboração do Sivam.
A SAE foi criada no governo Collor em substituição ao Serviço Nacional de Informações (SNI)
(GK)

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