São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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Brasil quer 'rede' contra capital especulativo

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, disse ontem, pouco antes de deixar a embaixada brasileira no Chile em companhia do presidente Fernando Henrique Cardoso, que o Brasil está mesmo interessado em criar "uma rede de segurança para proteger países que recebem ataques especulativos".
Segundo o ministro, FHC já iniciou conversações nesse sentido com Argentina, Chile, Polônia e Canadá. Lampreia afirmou que FHC voltará a discutir o tema na viagem que fará aos Estados Unidos no mês que vem.
Em sua passagem pelo Chile, em várias oportunidades, FHC fez críticas ao capital especulativo e chegou a afirmar que mecanismos como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional não são mais eficientes para conter esse tipo de expediente.
FHC minimizou ontem e tentou dar um ar de normalidade às críticas: "O próprio Camdessus disse isso", afirmou, referindo-se a Michel Camdessus, presidente do FMI. As críticas de FHC e as afirmações de Lampreia se inserem no contexto da crise instalada no México, com a fuga repentina de capitais especulativos, e de problemas idênticos que hoje rondam a Argentina.
O ministro também afirmou que o Brasil passou a apoiar o nome do italiano Renato Ruggiero para presidir a Organização Mundial do Comércio (OMC), organização que vai substituir o Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).
Inicialmente, o Brasil apoiava para o cargo o nome do ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero. Após o escândalo das parabólicas, o governo brasileiro passou a dar apoio a Carlos Salinas, ex-presidente do México.
A crise mexicana e as acusações de que o ex-presidente estaria envolvido até mesmo com assassinatos de desafetos políticos fizeram o Brasil mudar de novo e apoiar o candidato italiano.
Ruggiero disputa o cargo com o ministro do Comércio Internacional da Coréia do Sul, Kin Chul Sul. A decisão sai no dia 15 deste mês.

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