São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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'Dama e Vagabundo' vale pela produção

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

O musical "A Dama e o Vagabundo - Em Amor à Primeira Latida", em cartaz no Teatro Paiol, faz um passeio por alguns Estados brasileiros, mostrando os aspectos mais conhecidos do folclore de Pernambuco, Amazonas, Pará, Rio Grande do Sul.
É mais um espetáculo da companhia Escala, que tem se destacado com produções de ótimo acabamento.
Foi assim com "O Mágico de Oz" (ainda em cartaz) e "A Galinha dos Ovos de Ouro" (atualmente na cidade de Americana).
"A Dama e o Vagabundo" é uma peça parecida com o "Show Colosso", musical sobre os cachorros da "TV Colosso" (Rede Globo) que esteve recentemente em São Paulo. As coreografias são criativas; os figurinos, luxuosos; os cenários, exuberantes.
Não há, propriamente, cenas nesses musicais. As trilhas sonoras, em play-back, deixam o "quadro a quadro", em que se desenrolam os enredos, muito parecidos. Trocando os personagens, o show é quase o mesmo.
Apesar de faltar texto nessas montagens, elas lotam os teatros.
O diretor de "A Dama e o Vagabundo", José Roberto Caprarole, usa o nome dos personagens da Disney para contar uma história diferente. Vale avisar às crianças que o enredo é outro.
A Dama, Lili (Giselle Rondelle), pertence à Dona Santina (Jorge Demétrio), que a expulsa de casa. Lili encontra o Vira (Márcio Mahakala) e eles saem fazendo shows pelo Brasil. Nesse enredo, cada quadro representa um Estado.
Então aparece d. Embrulhone (Jorge Demétrio), empresário que separa o casal e leva Lili para fazer sucesso em outros países.
As letras das canções têm soluções poéticas fáceis, mas narram corretamente a história.
O que dá suporte à trama e garante o ritmo do musical é o domínio do espaço pelos atores-dançarinos, conduzidos por uma boa coreografia (Paulo Perez).
Outro aspecto forte do espetáculo é seu design. Um palco todo branco, com cortinas leves, faz uma espécie de moldura para personagens muito coloridos. Por ser um cenário neutro, equilibra o excesso de cores do figurino.
Três painéis completam a cenografia (de Edson Thomé e Paula Valéria) com uma colagem de elementos que mistura pintura e fotografia, cor e transparência.
Em um deles, o perfil de uma cidade é contraposto a desenhos que citam Miró e lembram o traçado infantil.
A iluminação podia ser menos decorativa. Os figurinos já têm cores suficientes, "manchadas" até demais pela maquiagem.
Caprarole fica devendo ao público um roteiro mais consistente, como aconteceu em "Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões", montagem de 1993, em que a exuberância cênica se soma a uma trama complexa e cheia de ação.

Peça: A Dama e o Vagabundo - Em Amor à Primeira Latida
Direção: José Roberto Caprarole
Elenco: Giselle Rondelle, Márcio Mahakala, Jorge Demétrio e Célio Amorim
Onde: Teatro Paiol (r. Amaral Gurgel, 164, tel. 221-2462, região central de São Paulo)
Quando: sábados e domingos, às 16h
Quanto: R$ 8

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